Quinta, 02 Mai 2024

Comunidade quer diálogo sobre transformação de escola em abrigo para venezuelanos

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Os moradores do bairro Santa Clara, em Vitória, afirmam que, em nenhum momento, a comunidade foi procurada pelo poder público para dialogar sobre a transformação da extinta Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Maria Ericina Santos em abrigo para 51 famílias de venezuelanos da etnia Warao, que se encontram na Capital desde agosto. Os moradores reivindicam que esse diálogo seja feito, pois não sabem até que ponto a iniciativa pode afetar o acesso deles ao espaço e fazer com que não haja avanço em reivindicações antigas que dizem respeito à utilização do imóvel.

"Estamos aguardando que o poder público e todos os envolvidos nesse processo venham conversar pessoalmente com a comunidade. Infelizmente, isso ainda não ocorreu", diz a assistente social Tania Tagarro, moradora do bairro.
Assessoria/Sergio Majeski

O Movimento Comunitário do Bairro Santa Clara, diante da falta de diálogo, encaminhou, no início de setembro, um ofício para a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), a Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES), a Secretaria Estadual de Direitos Humanos (SEDH), o Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor do Espírito Santo (Procon-ES). Este último, devido ao fato de que o imóvel foi cedido ao Procon, que guarda móveis no prédio.

Desde 2021, os moradores utilizam a quadra da extinta escola aos finais de semana. Conforme consta no ofício, já foram apresentadas à gestão de Renato Casagrande (PSB) reivindicações que buscam a ampliação do acesso da comunidade ao espaço, uma vez que ela entende que se trata de "um espaço educativo, esportivo e cultural, pois sua essência de criação foi ser uma escola". Assim, os moradores requerem a reforma da quadra e a reativação da unidade de ensino, possibilitando para a comunidade a oferta de cursos, atividades esportivas e culturais.

Quanto à reforma, de acordo com o documento, foi sinalizado para os moradores, pelo gabinete da secretária estadual de Direitos Humanos, Nara Borgo, que isso seria possível por meio de parceria público-privada. Os moradores também argumentam no ofício que o prédio não foi preparado arquitetonicamente para ser utilizado como moradia. Outra preocupação é o fato de que, futuramente, pode haver aumento na circulação de veículos na região.

Uma comissão, com representantes da sociedade civil e do poder público, afirma que irá dialogar com as lideranças da comunidade. A representante do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, a assistente social Ana Petronetto, relata que uma das ações já feitas nesse sentido foi um diálogo com o pároco da Catedral Metropolitana de Vitória, Renato Criste, uma vez que a comunidade Santa Clara faz parte da paróquia. A ideia, aprovada pelo sacerdote, é de que seja feita uma conversa com lideranças católicas para que elas possam atuar na região de forma a intervir positivamente na acolhida aos venezuelanos.

Ana Petronetto defende que seja feita uma comissão com três moradores do bairro para que possam ser intermediadores entre ele e os Warao, além do diálogo entre a equipe formada pelo poder público e a sociedade civil e as lideranças comunitárias.

Cerca de 25 pessoas da etnia Warao foram deixadas na Rodoviária de Vitória, em agosto, trazidas por um ônibus da Prefeitura de Teixeira de Freitas, sul da Bahia. Inicialmente, foram levadas para o Centro Pop, mas depois, encaminhadas para a Unidade de Inclusão Produtiva de São Pedro, conhecida popularmente como Casa Azul, onde permanecem.

Entretanto, a coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Brunela Vincenzi, afirma que o espaço não comporta adequadamente o grupo, que hoje é composto por 51 famílias, pois outro grupo chegou depois, também vindo de Teixeira de Freitas.

Nesta terça-feira (8), os Warao foram encaminhados para emissão da Carteira de Trabalho Digital, na Casa do Cidadão. A ação ocorreu por meio de uma força-tarefa, montada pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) em parceria com a Secretaria de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid). Nessa segunda-feira (7), foi feita uma oficina preparatória para entrevista de emprego, que contemplou as mulheres venezuelanas.

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