Quinta, 02 Mai 2024

Refugiados podem ir para novo abrigo, mas encontram resistência da comunidade

refugiados_venezuela_3_VanessaDarmani Vanessa Darmani
Os venezuelanos da etnia Warao que chegaram a Vitória em agosto podem ir para um novo abrigo em breve. O prédio de uma escola estadual no bairro Santa Clara, nas proximidades do Parque Moscoso, foi cedido para a Prefeitura de Vitória pelo Governo do Estado, com o objetivo de abrigar os refugiados. Entretanto, há resistência de parte dos moradores da comunidade. Por isso, uma comissão formada por representantes do poder público e da sociedade civil busca dialogar com lideranças comunitárias para abordar a necessidade de acolhimento.

A representante do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, a assistente social Ana Petronetto, relata que uma das ações já feitas nesse sentido foi um diálogo com o pároco da Catedral Metropolitana de Vitória, Renato Criste, uma vez que a comunidade Santa Clara faz parte da paróquia. A ideia, aprovada pelo sacerdote, é de que seja feita uma conversa com lideranças católicas para que elas possam atuar na região de forma a intervir positivamente na acolhida aos venezuelanos.

Ana Petronetto informa que a comunidade está receosa diante de boatos que circulam sobre os Warao. Um deles é de que o venezuelano que estuprou a neta de quatro anos em setembro, em Vitória, fazia parte desse grupo, o que não procede. "É fundamental dissolver boatos contra os venezuelanos. É preciso dialogar com a comunidade sobre a necessidade de receptividade. Eles foram expropriados de suas terras, passaram por um processo de expulsão e a solidariedade é importante", diz a representante do Vicariato.

Ana Petronetto afirma, com base em sua trajetória como assistente social, que quando há instalação de equipamentos voltados para excluídos, como asilos e orfanatos, há inquietação na comunidade. "Mas ao longo do tempo, a gente quebra isso conversando, dialogando, explicando", aponta. Ela defende que seja feita uma comissão com três moradores do bairro para que possam ser intermediadores entre ele e os Warao, além do diálogo entre a equipe formada pelo poder público e a sociedade civil e as lideranças comunitárias.

Cerca de 25 pessoas da etnia Warao foram deixadas na Rodoviária de Vitória, em agosto, trazidas por um ônibus da Prefeitura de Teixeira de Freitas, sul da Bahia. Inicialmente, foram levadas para o Centro Pop, mas depois, encaminhadas para a Unidade de Inclusão Produtiva de São Pedro, conhecida popularmente como Casa Azul, onde permanecem.

Entretanto, a coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Brunela Vincenzi, afirma que o espaço não comporta adequadamente o grupo, que hoje é composto por 51 famílias, pois outro grupo chegou depois, também vindo de Teixeira de Freitas. O novo espaço, em Santa Clara, tem uma infraestrutura melhor.

Carteira de trabalho

Nesta terça-feira (8), os Warao foram encaminhados para emissão da Carteira de Trabalho Digital, na Casa do Cidadão. A ação ocorreu por meio de uma força-tarefa, montada pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) em parceria com a Secretaria de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid). Nessa segunda-feira (7), foi feita uma oficina preparatória para entrevista de emprego, que contemplou as mulheres venezuelanas.

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Comentários: 4

Estevão em Quarta, 09 Novembro 2022 13:43

AS questões sobre essa possibilidade são mais profundas do que simplesmente resistência.

O prédio é uma escola, possivelmente inadequada para utilização com a finalidade de abrigo e existe frutos de anos de reivindicações para utilização desse espaço para a comunidade que nuca foi atendida.

A comunidade como um todo não foi incluída no desenvolvimento do dialogo e nem foi proposto um projeto a longo prazo de questões como adequações das instalações, reforço da segurança (já é uma região problemática), questões urbanísticas quanto a fluxo de pessoas e veículos, aumento do transporte coletivo.

Resumir a resistência com questões de preconceito aos refugiados e tratar de forma muita rasa a questão e ressalto que na reportagem poderia ter um posicionamento da comunidade, seria mais justo com nossa imagem.

AS questões sobre essa possibilidade são mais profundas do que simplesmente resistência. O prédio é uma escola, possivelmente inadequada para utilização com a finalidade de abrigo e existe frutos de anos de reivindicações para utilização desse espaço para a comunidade que nuca foi atendida. A comunidade como um todo não foi incluída no desenvolvimento do dialogo e nem foi proposto um projeto a longo prazo de questões como adequações das instalações, reforço da segurança (já é uma região problemática), questões urbanísticas quanto a fluxo de pessoas e veículos, aumento do transporte coletivo. Resumir a resistência com questões de preconceito aos refugiados e tratar de forma muita rasa a questão e ressalto que na reportagem poderia ter um posicionamento da comunidade, seria mais justo com nossa imagem.
Tania Tagarro em Quarta, 09 Novembro 2022 13:52

Boa tarde!
Sou moradora do Bairro Santa Clara e em relação a matéria a comunidade está aguardando o poder público e as instituições que estão envolvidas virem conversar com os moradores pessoalmente, oque não ocorreu até a presente data. Desde de 6 de setembro de 2022 em que foi enviado Ofício informando a necessidade de diálogo e dos nossos anseios.

Boa tarde! Sou moradora do Bairro Santa Clara e em relação a matéria a comunidade está aguardando o poder público e as instituições que estão envolvidas virem conversar com os moradores pessoalmente, oque não ocorreu até a presente data. Desde de 6 de setembro de 2022 em que foi enviado Ofício informando a necessidade de diálogo e dos nossos anseios.
CHRISTIANO INACIO SILVA ROCHA em Quarta, 09 Novembro 2022 14:46

Em relação a matéria sou morador do bairro Santa clara e não temos nenhum preconceito em relação aos refugiados e sim a falta de diálogo com a comunidade que até o momento não famos preucurudos pelas autoridades
Pois existe projetos para esse local onde estao querendo alocar os refugiados a serem deiscutido com a comunidade e as autoridades.

Em relação a matéria sou morador do bairro Santa clara e não temos nenhum preconceito em relação aos refugiados e sim a falta de diálogo com a comunidade que até o momento não famos preucurudos pelas autoridades Pois existe projetos para esse local onde estao querendo alocar os refugiados a serem deiscutido com a comunidade e as autoridades.
Agmarcarioca amigo do mito em Quarta, 09 Novembro 2022 21:14

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