Dados serão conhecidos em reunião com o vice-governador, Ricardo Ferraço
O estudo da Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos (Seger) sobre a reestruturação das carreiras dos servidores será apresentado oficialmente na reunião agendada com o vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), para o dia 28 de julho. A garantia foi dada à diretoria do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Espírito Santo (Sindipúblicos) nesta quarta-feira (2), durante ato realizado pela manhã em frente à nova sede da pasta, na Avenida Vitória. Segundo o governo, o encontro será o momento de analisar a proposta e apresentar um posicionamento oficial com base nos dados.

Organizada em formato de café da manhã, a atividade cobrou a entrega do estudo de impacto financeiro da reestruturação das carreiras da ativa, principal reivindicação da Campanha Salarial 2025, de acordo com o cronograma negociado com o governo. A pressão ocorre após adiamento do primeiro prazo para entrega do documento, essencial para dar prosseguimento ao processo e à negociação.
A diretoria do Sindipúblicos foi recebida pela assessora de Assuntos Sindicais da pasta, Bárbara Caniçali.
A presidente da entidade, Renata Setúbal, reiterou na reunião que a reestruturação é um instrumento de recomposição das perdas salariais acumuladas, que apontam para uma defasagem de mais de 50% nos últimos 20 anos, agravada por quatro anos sem reajuste durante o governo de Paulo Hartung (PSD) e dois anos sem reajuste durante a vigência da Lei Complementar 173, que congelou os salários durante a pandemia, já na gestão de Renato Casagrande (PSB).
Além disso, garante a correção das distorções históricas entre os poderes e prevê uma equiparação proporcional entre os salários do Executivo e do Judiciário. Atualmente, servidores com formação de nível superior no Judiciário recebem cerca de R$ 7 mil por 30 horas semanais, enquanto no Executivo, a remuneração é de R$ 6,9 mil para 40 horas. Para eliminar essa disparidade, a intenção é elevar os vencimentos do nível superior no Executivo para R$ 9,3 mil – um reajuste de aproximadamente 35%, e os níveis técnico e médio passariam a receber, respectivamente, 70% e 50% desse valor, seguindo parâmetros semelhantes aos utilizados na Lei do Piso da Enfermagem.
Renato relembra que o secretário da Casa Civil, Júnior Abreu, havia justificado a extensão do prazo em decorrência da complexidade do estudo, que envolve carreiras de diferentes órgãos e secretarias, o que exigiria um tempo técnico de análise. Ela destaca que a mobilização tem sido fundamental para garantir o andamento das negociações. “Nosso objetivo é intensificar as ações, para que o estudo seja, de fato, apresentado na reunião com o vice-governador”, afirmou.

Em abril deste ano, servidores públicos do executivo estadual se reuniram no Centro de Vitória para cobrar a reestruturação das carreiras e a recomposição das perdas salariais acumuladas, além da revisão geral anual e o reajuste do auxílio-alimentação. Ainda naquele mês, Casagrande anunciou reajustes no auxílio-alimentação, que foi elevado de R$ 600 para R$ 800, além da Revisão Geral Anual (RGA) de 4,5%, já a partir deste mês, para os servidores públicos estaduais, ativos e inativos. A medida, porém, decepcionou a maioria do funcionalismo, pois os valores não são suficientes para corrigir as perdas salariais acumuladas ao longo dos anos, avaliam as lideranças.
O diretor de finanças do Sindipúblicos, Iran Milanez ressaltou que apesar de não ter cumprido o cronograma inicial, a Seger se comprometeu a levar a proposta de reestruturação e seus impactos financeiros para a reunião com o vice-governador. “O dia 28 será decisivo”, ressaltou. Ele acrescentou que a categoria não aceitará propostas que não respondam às perdas históricas e também destacou que o crescimento da arrecadação estadual reforça a legitimidade das reivindicações dos servidores.
Segundo o dirigente, o índice de evasão no serviço público estadual chega a 40% em órgãos como o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), além de outras autarquias e carreiras da administração indireta, o que provoca consequências diretas nos serviços prestados à população.
Após a mobilização na Seger, dirigentes do sindicato participam de uma audiência pública do Orçamento Estadual, realizada na Serra, com objetivo de defender que a reestruturação das carreiras e a valorização do funcionalismo sejam contempladas na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026.