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Restaurantes voltam a funcionar e estudantes colocam fim às barricadas

Qualidade da comida será avaliada por alunos dos campi da Ufes, para decidir sobre novas mobilizações

Fechados desde o último dia 15, os Restaurantes Universitários (RUs) dos campi de Goiabeiras e Maruípe da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) foram reabertos nesta segunda-feira (29). Por isso, os estudantes resolveram colocar fim às barricadas que impediam a realização de aulas. No campus de Alegre, no sul do Estado, a previsão é que o RU seja reaberto nesta quarta (31). Até lá, segundo a universidade, o Auxílio Alimentação Emergencial será mantido. No campus de São Mateus, no norte, o fornecimento de marmitas “será mantido até que o restaurante possa reiniciar a produção dos alimentos, o que está previsto para ocorrer ainda nesta semana”.

A presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Loyane Anorato da Silva Lô, informa que os estudantes vão observar a qualidade da comida. Caso esteja ruim, farão novas barricadas. Ela destaca que a preocupação com a qualidade se dá pelo fato de que o RU tem um histórico de queixas dos universitários quanto a isso, pois já foram encontradas pedra na comida e servidas carnes cruas.

Loyane salienta que, embora no momento as barricadas estejam suspensas, as mobilizações em torno do RU prosseguirão, já que as pautas são extensas. Contemplam reivindicações como gratuidade para todos estudantes; retirada das grades no RU de Goiabeiras; climatização; reabertura do RUzinho, um espaço que se encontra fechado há anos, para diminuir os barulhos; fornecimento de janta em Maruípe; oferta de café da manhã e suco durante as refeições; e garantia de alimentação para os estudantes que necessitam durante as férias e aos finais de semana.
O RU estava fechado porque em todos os campi os restaurantes entraram em manutenção no dia 15 de julho. Para garantir a oferta de refeições, foi realizada a contratação de empresas para o fornecimento de marmitas durante esse período. Contudo, os estudantes alegavam que a alimentação não estava sendo disponibilizada a todos. Em Goiabeiras, os alunos recebiam R$ 20,00 para o almoço, considerado insuficiente. Na janta, era oferecida marmita, solicitada previamente pela internet, mas que, de acordo com os universitários, tinha uma quantidade insuficiente diante da demanda.
O valor oferecido aos estudantes em Alegre, que era para as duas refeições, também foi considerado insuficiente. Além disso, os alunos se queixavam do fato de que o campus fica em um local isolado, sem facilidade de acesso a estabelecimentos onde pudessem se alimentar. O mesmo acontecia em São Mateus, no norte, que fica a cerca de 12 km do Centro. No campus de Maruípe, onde só é fornecido almoço, a universidade, apontaram os estudantes, disponibilizava marmita até 12h30, porém, quem faz estágio no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), sai às 13h.
Manifestações
Os estudantes chegaram a fechar o Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN); o ED I e o ED II, no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE); e os prédios 9, 1 e 2 do Centro Tecnológico (CT). As manifestações começaram a se intensificar no dia 22 de julho, quando o valor do almoço não foi pago. O estudante Romes Marques Moreira foi preso na Penitenciária de Segurança Média II (PSME II), em Viana, após quebrar as vidraças da Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assistência Estudantil (Propaes). A confusão ocorreu quando ele foi ao local pedir explicações sobre o porquê de o auxílio alimentação emergencial não ter sido pago aos estudantes.

Romes recebeu alvará de soltura um dia depois. O defensor público Antônio Ernesto, que acompanhou o caso, informou, na ocasião, que o jovem terá que cumprir medidas cautelares, devendo comparecer em juízo mensalmente. O próximo passo, afirmou, é aguardar o fim do inquérito policial e a decisão do Ministério Público Federal (MPF). O processo se encontra em segredo de Justiça.

Em entrevista a Século Diário, o noivo de Romes, Vinícius Silva e Souza, relatou que, além de não ter recebido o auxílio, por falta de acesso à internet estudante não conseguiu solicitar a marmita da janta, o que o motivou ir até a Propaes.

Vinicius relatou que Romes se encontra em situação de vulnerabilidade social. Ele foi dispensado do estágio, na Propaes, onde recebia uma bolsa de R$ 700,00. O argumento utilizado pela universidade para isso foi a greve dos professores, que se encerrou no início de julho, após quase três meses de movimento. Por isso, ele ficou somente com a bolsa permanência, que é de R$ 550,00, a qual utiliza para pagar aluguel e outros gastos com moradia, como água e luz.

Ainda segundo Vinícius, por causa das dificuldades financeiras, Romes ficou sem se alimentar no último final de semana. Além disso, informou, o rapaz é neurodivergente e se alterou quando, em meio a uma discussão na qual pedia explicações aos servidores da Propaes, foi tocado por alguns deles e com a chegada da Polícia Militar (PM), acionada pelos trabalhadores da Pró-Reitoria.

Por meio de nota, a Ufes anunciou que a Propaes não abriria as portas no dia posterior ao ocorrido, “devido à necessidade de limpeza e reorganização”, e manifestou solidariedade aos servidores da Pró-Reitoria, em especial à diretora de Assistência Estudantil, Déborah Nacari, “que foram intimidados, ameaçados e agredidos por um estudante que invadiu o prédio onde funciona a Pró-Reitoria, no campus de Goiabeiras, e, de forma inesperada, quebrou móveis, equipamentos e vidraças do local”. A universidade acrescentou que, “durante a ação ocorrida na manhã desta segunda-feira, 22, o estudante ameaçou e agrediu verbalmente a diretora, que se manteve calma e tentou estabelecer um diálogo com o aluno”.
A Ufes afirmou que uma ambulância do Samu esteve no local, mas após avaliação feita pelos profissionais de saúde, constatou-se não haver necessidade de socorro para nenhuma das pessoas envolvidas. Déborah Narcari também foi à delegacia, acompanhada por representantes da Reitoria, onde prestou depoimento e realizou exame de corpo de delito. 

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