Domingo, 28 Abril 2024

Sedu vai substituir diretora interina da Escola Primo Bitti, em Aracruz

escola_primo_bitti_reformada_divulgacao_sedu Divulgação/Sedu
Divulgação/Sedu

Uma manifestação popular suspendeu o funcionamento da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, em Coqueiral de Aracruz, no norte do Estado, durante parte da manhã desta sexta-feira (10). Organizada por alunos e membros da comunidade escolar, teve objetivo de reivindicar a substituição da atual diretora interina, Michele Toniato, e a proteção de uma servidora que estaria sendo perseguida pela gestão por registrar, no livro de ocorrências, uma denúncia de assédio sexual feita por um aluno contra a diretora.

"Tivemos uma reunião ontem [quinta-feira, 9] aqui na escola com a superintendente Leila [superintendente regional de Educação de Linhares, Leila Pinto Rodrigues] pedindo a troca da diretora por uma servidora indicada pela comunidade escolar, mas ela não atendeu. Foi grosseira com todos e acusou a servidora que fez o registro do assédio de mentir. Todos os professores presentes choraram. Não deixaram gravar a reunião, não fizeram lista de presença, nem ata. Então hoje nós fechamos a escola e exigimos a saída da diretora e a proteção da servidora", relata Sueli dos Reis Abrantes, presidente da Associação de Moradores da Praia do Sauê (Amops), uma das localidades atendidas pela Escola Primo Bitti.

Diante da mobilização na porta da escola, a líder comunitária conta que várias autoridades prestaram solidariedade, inclusive deputados estaduais e vereadores do município, além da assessoria especial do governador Renato Casagrande (PSB). "Recebemos do assessor do governador de nome Arthur a informação de que a diretora será substituída sim e por uma pessoa que nós indicamos, na qual temos confiança, e que a funcionária não será mais perseguida", complementa.

O presidente da Câmara de Aracruz, vereador Alexandre Ferreira Manhães (Republicanos), afirmou que o legislativo municipal "está à disposição da comunidade" para resolver a questão. "A informação que temos é que o assessor Arthur virá ao município na semana que vem para conversar com a comunidade. Vamos levar todos os vereadores para essa reunião. O assunto é sério, recebemos relatos de denúncias de assédio moral e sexual por parte da diretora da escola, alguns deles já registrados em boletim de ocorrência na delegacia", informa.

Trauma decorrente do atentado

A presidente da Associação de Moradores relata ainda o drama vivido pelos estudantes e servidores da escola em relação ao trauma decorrente do atentado promovido por um ex-aluno em 25 de novembro passado, que matou quatro pessoas e feriu pelo menos outras dez, tanto na EEEFM Primo Bitti quanto no Centro Educacional Praia de Coqueiral, no mesmo bairro.

"Todos os funcionários estão sendo proibidos por essa diretora de tocar no assunto. Ninguém pode chorar, falar nada. 'Isso é passado, vida que segue, chega de mimimi', ela fala assim com alunos e funcionários. Ela pensa que tem o poder de tirar o trauma de todo mundo desse jeito".

A líder comunitária lembra que a escola está com psicóloga e assistente social do Estado, mas que não é suficiente. "Ninguém pode tocar no assunto. Os funcionários que passaram por esse trauma estão sendo obrigados a lidar com uma diretora que não tem a menor empatia com o sofrimento deles. Todos os professores choraram na reunião de ontem [quinta] à tarde". Ela ressalta que "o governo do Estado está ignorando o fato de que o Primo Bitti está doente. A gente quer ser atendido, com humanidade, com empatia".

Posição oficial

Em nota, a Sedu confirmou a saída atual diretora, mas sobre o suposto assédio sexual, informa que "não recebeu qualquer denúncia sobre a postura profissional da diretora substituta da EEEFM Primo Bitti. Caso algum cidadão tenha conhecimento de irregularidade, orienta remeter a denúncia à Corregedoria para apuração dos fatos".

Já em relação à substituição no cargo, não garantiu a nomeação de servidora indicada pela comunidade. "A Sedu esclarece que devido à prorrogação da licença médica da diretora da EEEFM Primo Bitti, um(a) novo(a) servidor(a) da Rede Estadual será contratado(a) para substituição do cargo, visto que a substituta [Michele Toniato] está finalizando o contrato. Informa que em diálogo com a comunidade escolar, concedeu a oportunidade de, mais uma vez, o Conselho de Escola indicar um profissional da unidade de ensino para assumir o cargo. A indicação será avaliada pela Secretaria".

Abandono

Em dezembro passado, algumas semanas após o massacre cometido pelo adolescente de 16 anos, apreendido, os professores da Escola Primo Bitti publicaram uma carta aberta à gestão de Renato Casagrande e à população capixaba, em que afirmavam se sentir "abandonados como seres humanos" e listaram uma série de reivindicações necessárias para garantir apoio à comunidade escolar.

A necessidade de adequar o trabalho permanente de psicólogos e assistentes sociais nas escolas estaduais e municipais, especialmente em casos traumáticos, como o da Escola Primo Bitti, à legislação federal, é tema do seminário "Diálogos sobre a Psicologia e os impactos dos discursos de ódio", que acontece em Aracruz, nesta sexta-feira (10), pelo Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo (CRP-ES) e conselhos de Minas Gerais (CRP-MG), do Rio de Janeiro (CRP-RJ) e São Paulo (CRP-SP), além do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

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