Às vésperas de completar 12 anos da morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, a Justiça estadual vai iniciar o julgamento dos acusados de mando do crime. Na última semana, o juiz da 4ª Vara Criminal de Vila Velha, Marcelo Soares Cunha, definiu a data de realização do júri popular de três dos dois supostos mandantes do assassinato: 25 de maio, a partir das 13 horas, no fórum do município. Vão sentar no banco dos réus o ex-policial civil, Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calú, e o coronel da reserva da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira.
O caso estava aguardando a designação do júri popular desde o final de outubro do ano passado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou todos os recursos dos réus, denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPES) por suposta associação à morte do juiz Alexandre. As defesas de Calú e do Coronel Ferreira negam qualquer participação de seus clientes no crime, inclusive, os advogados sustentam que o crime seria um latrocínio (assalto seguido de morte) e não um crime de mando.
Além dos dois ex-policiais, o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira também é acusado de eventual participação no crime ocorrido em março de 2003. No entanto, o júri popular do ex-togado ainda não tem data definida. O Ministério Público narra uma suposta articulação do trio para combinar a morte do juiz, apesar de nenhuma prova considerada irrefutável contra ambos tenha sido apresentado ao longo do processo.
Somente os assassinos do juiz – Odessi Martins da Silva Filho, o Lumbrigão, e Giliarde Ferreira de Souza – e os intermediários – Leandro Celestino, o Pardal, que teria emprestado a arma do crime; André Luiz Tavares, o Yoxito, que emprestou a moto usada pelos executores; o ex-militar Heber Valêncio; Ranílson Alves de Souza, acusados de “investigar a rotina do juiz”; e o traficante Fernando Reis, o Fernando Cabeção, cujo nome surgiu no bojo das escutas telefônicas – foram condenados.
Todos eles foram beneficiados com a progressão da pena e estão em regime aberto, com exceção de Lumbrigão, que já tem direito à progressão do regime, e Fernando Cabeção – que responde a outros crimes.
O juiz Alexandre Martins foi morto na manhã do dia 24 de abril de 2003, quando chegava a uma academia de ginástica na Praia da Itapoã, em Vila Velha. Ele tinha acabado de estacionar o carro e foi baleado na rua. Na época, o magistrado integrava uma missão especial federal que, desde julho de 2002, investigava as ações do crime organizado no Espírito Santo.