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PF deflagra operação para levantar empresas de fachada da Delta Construções

Depois de passar incólume nas investigações da CPI do Cachoeira no Congresso Nacional, o esquema de lavagem de dinheiro da Delta Construções por meio de empresas de fachada é alvo de uma operação da Polícia Federal. Na manhã desta terça-feira (1ª), os policiais deflagraram a Operação Saqueador, que cumpre mandados de busca e apreensão na sede e filiais da Delta em três estados, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. Também estão sendo cumpridas diligências a contadores e ao controlador da empresa, Fernando Cavendish.

Apesar de não terem sido cumpridos mandados no Espírito Santo, as investigações devem jogar luz sobre a Garra Transportadora, empresa de fachada registrada no município de Viana, que foi a terceira que mais recebeu dinheiro oriundo da empreiteira carioca. A Delta mantém contratos milionários com o governo do Estado desde a gestão Paulo Hartung (PMDB).

De acordo com informações da Polícia Federal, o objetivo é aprofundar investigação que apura desvio de recursos públicos. “Foram verificados, até o momento, fortes indícios de transferências milionárias de recursos de referida empresa de engenharia para sociedades de fachada, possivelmente desviados de obras públicas. Para comprovação de tais desvios, está sendo realizada perícia contábil-financeira na sociedade investigada”, diz a nota da PF.

A Operação Saqueador é um desdobramento da apuração iniciada com os documentos enviados pela CPI criada em abril do ano passado, que visava investigar a ligação entre a Delta e a classe política – em especial no estado de Goiás, com a participação do contraventor Carlinhos Cachoeira. “O material foi imprescindível para o início das investigações, na medida em que tais informações nominaram as empresas de fachada que supostamente recebiam valores desviados da pessoa jurídica investigada no presente apuratório”, indica.

Durante os trabalhos da CPI, encerrada de forma melancólica no final do ano passado, os parlamentares levantaram um total de R$ 173 milhões em transações feitas pela empresa carioca. Desse total, a empresa de fachada capixaba teria “lavado” R$ 23,5 milhões. A Garra Transportadora foi registrada no dia 25 de outubro de 2010 na Junta Comercial do Espírito Santo (Jucees). Consta no registro o endereço na rua Coronel Laurentino Pimentel, número 170, no centro de Viana (região metropolitana da Grande Vitória), local onde a empresa nunca fora sediada.

O capital social de apenas R$ 10 mil está dividido no nome de dois laranjas: Eliandro Paula da Conceição, com R$ 9,9 mil das cotas sociais, enquanto Gláucio Barcelos fica com apenas R$ 100 do capital da Garra Transportadora. Os vizinhos do local da suposta sede da empresa não conhecem ou ouviram falar de nenhum dos “sócios”, que residiram de fato no subúrbio do Rio de Janeiro, conforme reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo.

Em fevereiro deste ano, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) afirmou, em entrevista exclusiva ao Século Diário, que a CPI “ficou próxima” de elucidar as relações da empreiteira e agentes políticos no Espírito Santo. Segundo ele, a partir desse momento, os trabalhos começaram a sofrer a interferência do que chamou da “bancada da Delta”. Dois congressistas capixabas chegaram a participar da comissão, o deputado federal Paulo Foletto (PSB) e o senador Ricardo Ferraço (PMDB).

A expectativa é de que a operação policial possa avançar do ponto onde as investigações na CPI pararam. Caso sejam confirmadas as suspeitas, os responsáveis poderão responder, de acordo com a PF, pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, entre outros.

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