Domingo, 05 Mai 2024

Envio de documentos provoca análise de mérito de acusações da Operação Derrama

Envio de documentos provoca análise de mérito de acusações da Operação Derrama

Depois de várias manifestações contra a permanência dos autos da Operação Derrama no Tribunal de Justiça do Estado (TJES), os documentos relacionados às investigações foram encaminhados para o Ministério Público Estadual (MPES). Além de encerrar as polêmicas sobre o assunto, a remessa deve inaugurar uma nova fase do processo: quando as acusações contra autoridades, entre elas, o atual presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (DEM), deverão ser analisadas pelo procurador-geral de Justiça, Eder Pontes da Silva.



Desde o início da segunda fase da Derrama – após a prisão de dez ex-prefeitos, no último dia 15 –, a principal expectativa nos meios políticos e jurídicos estava no posicionamento de Eder Pontes sobre o cerne das denúncias de fraudes na recuperação de créditos tributários. Medida que ganhou ainda mais importância dias depois com a prisão da ex-prefeita de Itapemirim, Norma Ayub Alves (DEM), mulher de Ferraço – que foi acusado pelo cunhado de ter sido o principal articulador do esquema com a empresa de consultoria CMS.



A partir deste momento, os holofotes da mídia e da classe política se voltaram para Eder Pontes, que teria a missão de dar um parecer sobre as denúncias contra Ferraço – até então com a candidatura à reeleição para a chefia do Legislativo estadual entrando em risco. No entanto, o esperado parecer do procurador-geral de Justiça sobre a suposta participação do deputado não veio, fato que teria contribuído para a reeleição (unânime) do demista.



Nos bastidores, chamou a atenção a participação de Eder Pontes na solenidade de abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa. O procurador-geral de Justiça foi a única autoridade entre as convidadas a participar do evento ao lado de Ferraço. A desconfiança se deve ao fato de o chefe do MPES ter se esquivado de analisar o mérito das acusações contra os ex-prefeitos e autoridades com foro privilegiado, casos dos deputados Ferraço e José Carlos Elias (PDT), ex-prefeitos de Linhares, além dos atuais prefeitos Rogério Feitani (Jaguaré) e Jander Nunes Vidal (Marataízes).



Nas duas manifestações enviadas ao Judiciário, Eder Pontes se resumiu a analisar o pedido de soltura dos ex-prefeitos, fato que gerou protestos por entidades da sociedade civil que “lavaram” a fachada da instituição. Por duas vezes, o relator do inquérito policial, desembargador Ronaldo Gonçalves de Sousa, negou o pedido de liberdade de sete ex-prefeitos – apenas a prisão da mulher de Ferraço foi revogada. Nas duas ocasiões, o chefe do MPES criticou a falta de envio dos autos do processo – que envolve não só o inquérito, mas também provas e documentos apreendidos.



No intervalo entre as duas manifestações, a atuação do procurador-geral de Justiça capixaba recebeu notas de apoio de entidades locais e nacionais ligados ao Ministério Público. Por outro lado, Eder Pontes foi alvo de críticas de setores do Poder Judiciário e da Polícia Civil. Os delegados do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nurocc), que conduziram as investigações, também rechaçaram as investidas do chefe do MPES na tentativa de desqualificar os seus trabalhos. A rusga foi tão significativa que Eder Pontes pediu ao relator, sem sucesso, que retirasse o relatório dos delegados dos autos do processo.

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