Terça, 14 Mai 2024

TCE vai analisar legalidade de incentivos fiscais para setor atacadista no Estado

TCE vai analisar legalidade de incentivos fiscais para setor atacadista no Estado

Além do julgamento pelo Poder Judiciário e Assembleia Legislativa, a legalidade dos incentivos fiscais concedidos pelo Estado ao setor atacadista vai passar pelo crivo do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Nesta segunda-feira (15), o estudante de Direito, Sérgio Marinho Medeiros Neto, que ajuizou uma ação popular na Justiça estadual contra o benefício, vai protocolar um aditamento à denúncia feita contra o funcionamento do Instituto Sincades, fundo cultural criado a partir do incentivo.



No requerimento, Sérgio Marinho também pede que os conselheiros do TCE analisem a legalidade dos atos do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) que deram vazão ao incentivo – que já é alvo de análise pela Justiça local e até mesmo pelo Supremo Tribunal Federal (STF, em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pelo governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).



O estudante de Direito utiliza os mesmos argumentos levantados na segunda ação popular movida por ele contra o incentivo. Na peça, ele afirma que o contrato firmado entre o governo do Estado e o Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Estado (Sincades) é lesivo aos cofres públicos por retirar verbas não apenas da Fazenda estadual, mas também do caixa dos 78 municípios capixabas e dos demais estados da Federação.



“O contrato é nulo por não respeitar a legislação pátria. A renúncia a impostos realizada à margem da lei é lesiva ao Erário e ao princípio da moralidade. É gravíssima a lesão ao erário dos municípios capixabas, que não é admitida pelo STF, importando renúncia de verbas que não pertencem ao Estado, mas aos Municípios”, afirma o estudante.



O autor das denúncias contra o mecanismo fiscal também levanta outro ponto que seria suficiente para a decretação da nulidade do convênio entre o Estado e o Sincades. Segundo ele, o acordo teria um vício insanável em sua formação, uma vez que o contrato não teria sido respaldado pela Procuradoria Geral do Estado (PGE).



No aditamento à denúncia, Sérgio Marinho requer a apuração desses novos aspectos, assim como a decretação de uma medida cautelar para suspender imediatamente o incentivo fiscal ao setor atacadista. Ao todo, os benefícios provocam uma renúncia de receitas na ordem de R$ 600 milhões anuais ao Estado. Desde a assinatura do acordo, em 2008, o prejuízo ficaria próximo de R$ 3 bilhões – deste total, pelo menos R$ 750 milhões deveria ter ido para o cofre das prefeituras (que têm direito à cota parte de 25% do bolo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS).



Segundo informações do Tribunal de Contas, a denúncia (Processo TC 2626/2013) vai ser analisada pelo conselheiro José Antônio Pimentel, sorteado para o caso. Os autos do processo estão desde o último dia 22 de março no gabinete do relator, conforme dados fornecidos pelo sistema de acompanhamento processual do tribunal.



Um detalhe importante é que o conselheiro Pimentel foi nomeado pelo então governador Paulo Hartung. Apesar de ter no currículo a participação em postos importantes de vários governos, o último cargo de Pimentel antes da chegada à corte foi de secretário-chefe da Casa Civil do governo passado. Ele tomou posse na cadeira de conselheiro do TCE no dia 3 de março de 2010.



O Tribunal de Contas será o quarto órgão a analisar os aspectos legais relacionados aos atos da Era Hartung em benefício do setor atacadista. Além das ações em curso na Justiça estadual e no Supremo, o deputado Euclério Sampaio protocolou, na última quarta-feira (10), um projeto de Decreto Legislativo para sustar todos os efeitos dos decretos do ex-governador relacionados aos incentivos fiscais.

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