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Agricultores cobram clareza sobre funcionamento de feiras livres em caso de lockdown

Pronunciamentos do governador não deixam claro se feiras poderão funcionar, nem os serviços de delivery

Agricultores familiares convivem com a incerteza da continuação de suas atividades diante da proximidade de um possível lockdown no Espírito Santo, devido ao esgotamento do sistema de saúde em decorrência da pandemia de Covid-19. É o que afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Santa Maria de Jetibá, Egnaldo Andreatta, ao ressaltar que o governador Renato Casagrande, em seus pronunciamentos, não deixa claro se as feiras irão funcionar, o que tem preocupado as famílias que dependem da atividade.

Na última quarta-feira (10), Casagrande apresentou as medidas de restrição máxima de circulação de pessoas (equivalente ao lockdown) que serão implementadas quando a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ultrapassar 90%, válidas por pelo menos 14 dias. No eixo econômico foi dito que de segunda a sexta poderão funcionar apenas estabelecimentos voltados a serviços e produtos essenciais. Entre eles, hipermercado, supermercado, mercado, hortifrutigranjeiros, padaria, açougues, distribuidores de cestas básicas e comercialização de produtos para animais.

Egnaldo aponta que não foi informado se haverá funcionamento das feiras livres e, se não, se poderá ser realizada entrega delivery. O presidente do sindicato destaca que durante a pandemia já aconteceu de fecharem feiras em diversos municípios, mesmo sendo atividade essencial. Muitas, informa, voltaram a funcionar. Outras, como a de Colatina, noroeste do Estado, ainda não foram reabertas. Em outros municípios do norte e noroeste, como Nova Venécia, somente os agricultores locais podem vender seus produtos. 
“Com o histórico de fechamento das feiras durante a pandemia, mesmo sendo atividade essencial, e da falta de clareza se elas serão realizadas em caso de lockdown, os agricultores têm procurado o sindicato preocupados com a continuidade de suas atividades. Isso é algo que deve ser pensado com antecedência pelo Governo do Estado. O agricultor precisa se organizar para colher e fazer com que o produto chegue na mão do cliente. Caso contrário, pode perder colheita e ter redução de renda”, alerta Egnaldo. 
Uma das dúvidas dos trabalhadores rurais, segundo ele, é em relação à documentação, pois em caso de lockdown, é preciso autorização para circulação entre municípios para oferta de serviços essenciais. Caso não haja proibição de feiras na Grande Vitória, é preciso saber quem será o responsável pela confecção do documento que autoriza a saída dos trabalhadores rurais de Santa Maria Jetibá para municípios da região metropolitana, onde muitos deles atuam. “Vai ser a prefeitura de Santa Maria de Jetibá ou a prefeitura da cidade onde o agricultor vai trabalhar?”, questiona. 
O mesmo questionamento é feito em caso de serviço delivery. “Tem agricultor que trabalha na feira de Barro Vermelho, em Vitória, mas faz entrega em Vila Velha. Quem vai emitir a autorização para entrega no outro município? Vai ser a prefeitura de Vitória ou de Vila Velha?”, indaga.

Egnaldo relata que os agricultores que trabalham na Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), cerca de 800 em Santa Maria de Jetibá, também querem informações sobre como será sua atuação no local. Entre os questionamentos, como afirma, estão se a carteirinha que eles já têm será suficiente para entrar no local ou se será preciso uma declaração. “Se for necessário uma declaração, quem deverá emitir?”, reforça a pergunta.

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