Segunda, 06 Mai 2024

Arcelor entrega Plano de Controle de Emissões Visíveis ao Iema

Arcelor entrega Plano de Controle de Emissões Visíveis ao Iema
Conforme solicitação da secretária de Estado de Meio Ambiente, Diane Rangel, de janeiro deste ano, a ArcelorMittal entregou, no mês de março, o Plano de Controle de Emissões Visíveis. O documento da secretária solicitava que, em 60 dias, fosse enviado relatório técnico contendo a relação, descrição e identificação fotográfica das fontes que apresentem emissões visíveis de poluentes atmosféricos, bem como um planejamento com cronograma de execução para controle dessa poluição.
 
A Vale, alvo de requerimento de mesma natureza, até então, não enviou resposta às organizações sociais, como informou o grupo ambientalista SOS Espírito Santo Ambiental, cujo coordenador, Eraylton Moreschi Junior, fomentou o debate sobre as emissões visíveis ao enviar ao Iema, continuamente, imagens da poluição da Ponta de Tubarão, onde se localizam ambas as poluidoras. Os membros do grupo, que apontam no enclausuramento total (Domus) a solução para a poluição por material particulado de origem no local, ainda não tiveram a oportunidade de analisar profundamente a coerência das soluções e a viabilidade dos prazos apontados pela Arcelor.
 
No documento, a Arcelor lista cada uma de suas fontes emissoras de poluição visível, como já fora divulgado pelo Iema. São elas: máquina de desenfornamento de coque dos fornos da Coqueria Convencional, Chaminés 1 e 2 da Coqueria Convencional, Chaminé principal da Sintetização, Chaminés das Centrais Termelétricas, Pátio da Escória 1 (em frente à Aciaria) e Prédio da Aciaria. Também são apresentados, geralmente, os prazos a serem cumpridos pelas mudanças propostas e o valor de cada uma delas.
 
O custo total de todas as mudanças que a própria Arcelor julga coerente para diminuir a poluição visível alcança os US$ 92,87 milhões, mas a siderúrgica não estima o percentual de redução de emissões, tampouco garante que elas cessarão ou que, ao menos, terão uma redução significativa com as propostas.
 
Para reduzir as emissões visíveis do desenfornamento de coque, a empresa declara que já possui filtros de manga. Esse é um sistema de despoeiramente que consiste em três coifas móveis, uma rede de dutos, filtros de mangas e sistema de exaustão. O documento detalha um plano de aumento da capacidade do sistema, que consiste na substituição do atual duto de captação, reforma da casa de filtros existentes, troca das coifas e aumento da vazão de captação na ordem de 50%. Segundo o documento, a implantação do sistema já está em andamento. Mas detalham que a contratação de serviços está planejada para junho desde ano e a fase final só estará pronta para funcionar em dezembro de 2015.
 
Segundo a empresa, o monitoramento visual das emissões e dos resultados de concentração de particulado, a inspeção dos fornos; identificação, classificação e priorização de fornos e manutenção dos fornos, que são ações rotineiras, estão sendo intensificadas para que seja reduzida a poeira visível das Chaminés 1 e 2 da coqueria convencional. A limpeza e reparo dos regeneradores das baterias de coque, aplicação de solda cerâmica nas paredes refratárias para o reparo de trincas, juntas e furos passantes, aplicação de sílica líquida no interior dos fornos para vedação de microtrincas, reforma anual dos fornos (escopo refratário e mecânico) estão entre as ações preventivas que deverão ser desenvolvidas pela empresa, segundo o que consta no documento.
 
Já nos carros de carregamento da coqueria, responsáveis pelo processo de enfornamento do carvão nos fornos das baterias de coque, a Arcelor aponta o desgaste natural como motivo da redução da eficiência de selagem e das emissões de poluentes visíveis. A solução apontada, portanto, seria a compra de dois novos carros de carregamento, gasto estimado em US$ 12,1 milhões. Além disso, a siderúrgica declarou que um carro será reformado. A contratação dos serviços, de acordo com o documento, já aconteceu em fevereiro deste ano e, entre o final de 2015 e o início de 2016, os carros, supostamente já adequados, estariam iniciando as novas operações.
 
Para as reduções de poeira visível provenientes da chaminé principal da sinterização, foi elaborado um plano de ação que, segundo a poluidora, já está sendo desenvolvido e está aguardando autorização do Iema para o início da sua fase 2. A fase zero (reforma dos dutos de entrada, saída e guilhotinas do precipitador eletrostático principal) foi concluída em julho de 2012, e a fase 1 (reforma dos precipitadores eletrostáticos) tem previsão de início para julho deste ano e término em um ano. A fase dois consiste na implantação dos filtros de manga e tem prazo de duração de 36 meses.
 
Com relação às emissões da aciaria, onde são executadas atividades de refino primário do aço, a Arcelor diz, no relatório, que foram desenvolvidos procedimentos nesse sentido, tais quais os especiais de sopro, checagem dos sistemas de medição de gases e criação de força tarefa específica para eliminação das emissões visíveis. A siderúrgica retratou, ainda, criação de laboratórios, testes de bicos de lança de injeção de oxigênio e novos padrões de sopro, com término previsto entre o final de 2014 e o início de 2015. Também destacou no documento o planejamento de otimização do desempenho dos filtros de despoeiramento com a renovação dos elementos filtrantes e revisão da lógica operacional, com finalização total em dezembro de 2015. Já no pátio de escória 1, onde a escória é recebida, basculada e resfriada, a Arcelor planejou o uso de ventilador com bicos aspersores de spray de água. O cronograma prevê compra do equipamento em junho de 2014 e conclusão em abril de 2015.
 
O planejamento elaborado pela Arcelor também relata que na central termelétrica há combustão dos gases siderúrgicos BFG, COG, LDG e, também, de alcatrão para produção de vapor e movimentação das turbinas dos geradores de energia elétrica. O relatório afirma que os gases resultantes são expelidos pelas chaminés. Diz, ainda, que o monitoramento é constante e que o uso do alcatrão só ocorre na redução da produção dos altos fornos e na falta de gás de coqueria. No relatório, é apontado que a entrada em operação do alto forno nº 3 disponibilizará mais Gás de Alto Forno (BFG), o que segundo a siderúrgica reduzirá a utilização de alcatrão e, assim, o impacto visual. A Arcelor não apresentou cronogramas de trabalho para as reduções de poluentes deste alto forno.
 
O alcatrão é um composto de mais de 4 mil substâncias, das quais pelo menos 60 são cancerígenas, e pode, até mesmo, conter substâncias radioativas. O alcatrão está presente, também, nos cigarros. Além disso, estão entre os poluentes liberados pela siderurgia aqueles que podem provocar intoxicação, problemas circulatórios e respiratórios, tais como os sólidos em suspensão, cianeto, fenol, amônia, óleos, graxas, escória do alto forno, finos de carvão, lama de lavagem de gases e pó de balão, de acordo com material publicado no Portal Brasil.
 
Segundo matéria do Jornal GGN, o COG (CokeOvenGas) ou gás de coqueria, possui entre 7 a 8% de CO puro; o BFG (BlastFurnaceGas) ou gás de Alto Forno, possui entre 20 a 40% de CO; e o LDG (BasicOxygenFurnaceGas) ou gás de Aciaria (Linz DonawitzGas), é captado quando a sua concentração, durante o refino, está situado entre 65 a 80% de CO. O monóxido de carbono (CO), é um gás inodoro, incolor e insípido. É tóxico ao organismo humano e causa alteração no mecanismo de transporte de oxigênio, sobretudo porque possui grande afinidade química com a hemoglobina do sangue. Pode provocar afecções crônicas e, até mesmo, a morte por asfixia.
 
Em recente ação civil pública, a Associação Nacional Associação Nacional dos Amigos do Meio Ambiente (Anama) enumera os impactos gerados pela empresa, como a emissão de micropartículas (PM 10), que se acumulam nos pulmões causando fibroses, bronquites, asmas, doenças cardíacas, cânceres, sinusites e alergias, além de dióxido de enxofre (SO2), que combinado com a hemoglobina, forma ácido sulfúrico, causando enfermidades - Vitória é a capital brasileira com maior concentração deste poluente na atmosfera. 
 
A Anama também pontua que no processo de queima de óleo há liberação de dióxido de azoto ou dióxido de nitrogênio (NO2), gás tóxico irritante para os pulmões e responsável por diminuir a resistência do organismo às infecções respiratórias. Há ainda emissão de monóxido de carbono, que bloqueia o transporte de oxigênio pela hemoglobina, causando angina e infarto em pacientes coronarianos. 
 
Outros gases altamente nocivos, como o benzeno, são lançados no ar pela Arcelor. O benzeno, destaca a entidade, é um hidrocarboneto cíclico aromático, um líquido incolor volátil e altamente inflamável, produto secundário na produção de coque. Além disso, que o processo siderúrgico é emissor de Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4), Óxidos de Enxofre (SOx) e Óxidos de Nitrogênio (NOx) - que com a umidade presente no ar e formam, respectivamente, ácidos de enxofre e ácidos de nitrogênio, responsáveis pelo fenômeno “chuva ácida”. Também são emitidos Etano (C2H6), materiais particulados e poluentes orgânicos, causadores de diferentes tipos de câncer. 

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