Quarta, 24 Abril 2024

Cachorro-do-mato é flagrado em mata da Lagoa Encantada

cachorro_do_mato_lagoa_encantada_samuel_chahoud Samuel Chahoud
Samuel Chahoud

O cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), também conhecido como raposinha ou lobinho, é um animal arisco ao ser humano e difícil de ser avistado na natureza. Por isso, o registro feito pelo fotógrafo de natureza Samuel Chahoud na região da Lagoa Encantada foi celebrado pelos protetores desta belíssima área natural de Vila Velha, que publicaram o vídeo, feito em câmera trap, no perfil APP Lagoa Encantada no Instagram, criado para divulgar o movimento de luta pela criação de uma unidade de conservação na área. 

"Apesar do cachorro-do-mato não estar na lista de espécies ameaçadas, a presença dele na área indica um grau importante de conservação, já que a espécie sofre com muitas ameaças, como ataques de cachorros, doenças transmitidas por animais domésticos, destruição do habitat e atropelamento em estradas. A gente sabe que ele ocorre na região tem muitos anos, porque sempre encontramos as fezes deles por lá. Isso indica que a área possuí seus recursos alimentares e também abrigo", explicou o biólogo Flávio Mendes da Silva, integrante do Fórum de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental do Grande Vale Encantado (Desea). 

O cachorro-do-mato é omnívoro, incluindo em sua dieta ovos, anfíbios, répteis, crustáceos, pequenos mamíferos, carcaças de animais e muitos frutos, sendo um grande dispersor de sementes, o que é fundamental para a recuperação florestal das áreas onde ocorre. "São grandes plantadores. A gente sempre vê muitas sementes nas fezes deles na mata", testemunha o biólogo, que acrescenta haver registros na literatura de animais que comem também cobras, como jiboias, jararacas e cascavéis. 

O ambientalista conta ainda que a maior ameaça para a espécie é a destruição do seu habitat, além dos ataques feitos por cachorros domésticos, que também transmitem doenças como sarna, e dos atropelamentos em estradas. Assim, é fundamental proteger áreas naturais onde eles ocorrem. "É importante deixar uma área com tamanho relativamente grande para os animais selvagens terem um local protegido para viver. Por isso a necessidade de transformar a Lagoa Encantada numa unidade de conservação, um parque. É preciso controlar o acesso, para evitar caça, incêndios, desmatamentos". 

Flavio destaca que, além do arisco cachorro-do-mato, a Lagoa Encantada tem uma diversidade incrível de espécies, muitas delas ameaçadas de extinção, como a lontra e o jacaré-do-papo-amarelo. "Além das que a gente já viu, deve ter muitas outras espécies raras e ameaçadas que ainda não conhecemos. Precisa fazer um levantamento mais aprofundado", recomenda. 

Com base nos estudos já realizados, no entanto, já foi possível legitimar a abertura do processo de criação de uma unidade de conservação na Lagoa Encantada e seus alagados. Atualmente, a Prefeitura de Vila Velha conduz uma consulta pública, que se encerra neste domingo (24). 

A proposta do município é de uma UC de proteção integral, um parque natural municipal, com tamanho de 200 hectares, incluindo manguezal e leito do rio Aribiri, que nasce nas proximidades da lagoa.

Após a consulta pública, as definições de categoria de UC e delimitação serão encaminhados para a Procuradoria do Município e o MPES, que farão avalições fundiárias e outros desdobramentos. Por fim, a prefeitura deve elaborar uma minuta de projeto de lei para criação da UC, que terá que ser apreciada e aprovada pela Câmara de Vereadores.

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