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Camaroeiros de Vitória são finalmente reconhecidos como atingidos pelo crime da Samarco/Vale-BHP

Um mês e dois dias depois de um protesto nos trilhos da Vale, um grupo de mais de 500 pescadores camaroeiros da Praia do Suá, em Vitória, foi reconhecido como afetado pelos danos socioambientais provocados pelo rompimento da barragem da Samarco/Vale/BHP em Mariana (MG). A expansão da lama até o mar e a proibição da pesca nos arredores afetou os camaroeiros que, mesmo morando na capital, tiravam seu sustento da Foz do Rio Doce, berço importante de camarões.

A decisão foi inédita, pois a Fundação Renova, responsável pelas ações de reparação após o crime, reconheceu o setor por seu local de trabalho, e não pelo lugar de moradia, como vinha sendo feito até então. A decisão inclui donos de embarcações, mestres, pescadores, embarcados, estivas, soldadores, pintores, entre outros.

Esta luta foi fruto da organização do Sindicato dos Pescadores e Marisqueiros do Espírito Santo (Sindpesmes) e do Movimento dos Atingidos por Barragens, com apoio da Defensoria Pública Estadual e da Colônia Z-5. Braz Clarindo, vice-presidente do sindicato, explica que desde a chegada da lama, passou a ser proibida a pesca e coleta nas proximidades da costa, por tempo indeterminado. “Nossa renda e nossos recursos de fonte de renda que são a pesca de camarão sete barbas da foz do Foz Doce foram tiradas radicalmente. Perdemos nosso direito de trabalhar, e estamos há dois anos e meio sem ser indenizados pela empresa Samarco”.

Heider Boza, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que participou da luta junto aos pescadores da Praia do Suá, explica que o próximo passo é a formação de um grupo de trabalho envolvendo os atingidos, a Fundação Renova e órgãos públicos para que estes pescadores possam começar a receber o auxílio emergencial e posteriormente as indenizações. “Nosso desafio está na questão organizativa, as conquistas vêm mas nessa conjuntura precisamos seguir organizados e consolidar os grupos de base. Temos as questões emergenciais e os direitos individuais, mas também outras brigas de longo prazo, como a própria reparação do Rio Doce. Quando estará liberado novamente para pescar?”, questiona.

O dirigente do MAB lembra que ainda há outros grupos afetados que não foram reconhecidos como as comunidades na bacia do Rio Piraquê-Açu, em torno de Aracruz.

 

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