Plástico, muito plástico. E também pedaços de móveis, galhos de árvores, brinquedos quebrados, entre outros materiais sólidos. Estes foram alguns dos materiais observados na baía de Vitória na manhã desta quarta-feira (14), após as intensas chuvas registradas na região.
Com as chuvas, que chegaram ao Espírito Santo nesta terça-feira (13), o lixo abandonado nas ruas e nas encostas dos morros foi levado para a baía. O volume deve aumentar, pois há previsão de mais chuvas nos próximos dias.
Parte do lixo que está na baía é lançado nas ruas. Não há lixeiras em quantidade suficiente e não há campanha institucional dos governos do Estado e dos municípios de Vitória, Cariacica, Viana, Serra e Vila Velha mostrando à população os prejuízos causados pelo lixo abandonado, que entopem esgotos e galerias, e depois vão parar no mar.
O Sistema de Informações Meteorológicas do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) informa que as chuvas terão intensidade de moderada a forte em todo o Estado.
As chuvas estão ocorrendo em função da passagem de uma frente fria pelo continente, formando Zona de Convergência do Atlântico Sul, que é um fenômeno meteorológico comum nesta época do ano.
A baía de Vitória é poluída pois os esgotamentos sanitários nos municípios da Região Metropolitana não são tratados. O sistema de tratamento inaugurado este ano em Vitória e Vila Velha ainda não recebe todo os esgotos, pois nem todas as residências estão ligadas à rede.
Além de poluída pelos esgotamentos sanitários, a baía de Vitória também é contaminada por agrotóxicos, empregados por agricultores em toda a bacia do rio Santa Maria da Vitoria e em rios menores, como Formate.
Saneamento precário
Não só a Grande Vitória enfrenta a falta de saneamento básico e consequente poluição dos recursos hídricos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nessa terça-feira (13), 74 dos 78 municípios capixabas não têm sequer estrutura organizacional na área de saneamento.
O número de municípios com Política Municipal de Saneamento Básico também é baixo. Segundo o IBGE, apenas 21 possuem uma política própria, sendo apenas 11 com legislação instituída por lei.
É preciso considerar ainda que apenas três municípios capixabas têm Fundo Municipal de Saneamento básico, serviços como o tratamento adequado da água, assim como a canalização abrangente e o tratamento de esgoto ficam em segundo plano. São justamente essas medidas que garantiriam melhores condições de saúde para a população, evitando a contaminação e proliferação de doenças e a preservação do meio ambiente.
A pesquisa realizada em 2010/2011 aponta ainda fragilidade nas áreas de limpeza urbana de manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo de águas pluviais urbanas.