Quinta, 02 Mai 2024

Deputados entregam manifesto ao governador para garantir superporto em Vila Velha

Deputados entregam manifesto ao governador para garantir superporto em Vila Velha

Enquanto movimentos sociais e especialistas criticam a falta de transparência no processo que visa a implantar o superporto em Vila Velha, bem como alertam para os inúmeros impactos ambientais do empreendimento, deputados estaduais reunidos na Presidência da Assembleia Legislativa entregaram, nesta terça-feira (4), um manifesto ao governador Renato Casagrande. O objetivo é garantir a construção do porto de águas profundas no município, por meio de um decreto de desapropriação da área em Ponta da Fruta como reserva técnica,  o que impediria a instalação de outros empreendimentos no local.

 

“A primeira tarefa agora é do município de Vila Velha para fazer o levantamento imobiliário da região. Assim, poderemos fazer o pleito ao governo federal de reserva pública para que a gente possa preservar a área para implantação do superporto”, disse o governador. Ele espera ainda a elaboração de projeto básico, por meio do Governo Federal, para estudo de viabilidade da iniciativa, que permitirá buscar empresas interessadas em participar do empreendimento. Na próxima sexta-feira, o ministro dos Portos, Antônio Henrique Silveira, vem ao Estado para discutir com o governador a implantação do empreendimento.

 
A iniciativa dos parlamentares foi decidida em reunião nesta manhã, após apresentação feita pela Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) e DTA Engenharia. A construção do porto está orçada em R$ 4,3 bilhões.
 

Participaram do encontro os deputados Roberto Carlos (PT), Luzia Toledo (PMDB), Theodorico Ferraço (DEM), Janete de Sá (PMN), Nilton Baiano (PP), Hércules Silveira (PMDB), Atayde Armani (DEM), Elcio Alvares (DEM) e Aparecida Denadai (PDT), além do prefeito Rodney Miranda (DEM), que demonstrou novamente apoio à construção do projeto no balneário. Os deputados fizeram coro ao demista.

 



As manifestações dos parlamentares e do governador seguem em sentido contrário ao que defende a população do município, que sequer teve acesso aos estudos sobre o empreendimento. Em debates realizados pelo Fórum Popular em Defesa de Vila Velha (FPDVV), pesquisadores ressaltaram o impacto imensurável que será gerado pelo superporto em uma região de rica biodiversidade na Ponta da Fruta.





Segundo Eric Mazzei e João Batista Teixeira, a região que poderá ser extinta com o projeto é repleta de alagados e abriga remanescentes de Mata Atlântica e de restinga, praias com arrecifes e rica biodiversidade. Igualmente extintos podem se tornar os pescadores, que formam uma comunidade tradicional na região. Para a instalação do empreendimento, será necessária a construção de um quebra-mar de cerca de três quilômetros de comprimento; o aprofundamento em mais de 20 metros do canal portuário; e a iluminação constante, inclusive noturna, o que pode deslocar cardumes e concentrar espécies marinhas nas proximidades do terminal, onde a pesca é proibida.





Também são preocupações dos moradores a preservação da praia, que será inviabilizada por conta do projeto, e as alterações na maré. Em todo mês de março, o avanço do mar na praia precisa ser contido com sacos de areia e a situação pode ainda se agravar caso as correntes marítimas não sejam profundamente estudadas e aplicadas em consonância com o empreendimento. 





Para justificar a escolha do local, o coordenador da DTA Engenharia, Ernani Muraro, afirmou que foi feita uma análise de toda a costa do Estado. A outra opção para instalar o empreendimento seria Praia Mole, esbarrando nos interesses da Vale e da ArcelorMittal. Já o Sindicato Unificado da Orla Portuária do Espírito Santo (Suport-ES), que há anos reivindica a construção de um superporto no Estado, defende a implantação do empreendimento em área já impactada por portos, como Praia Mole,  e não em uma área ambientalmente sensível. Também propõe o aumento gradual de sua capacidade, conforme a demanda, e não que o porto já fosse construído com uma pretensão de cargas futuras, já que não há garantia de tal movimentação. 

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