Sexta, 26 Abril 2024

Estudo coloca anfíbios na lista de espécies prejudicadas por pesticidas

Não apenas os insetos polinizadores, como abelhas, são prejudicados pelo uso de pesticidas. Cientistas da Universidade de Coblenz-Landau, na Alemanha, alertam que importantes quedas nas populações de rãs e sapos podem ser atribuídas à utilização de venenos como agrotóxicos, fungicidas e inseticidas.

 
Em testes com as substâncias, usando-as nas proporções recomendadas, 40% das rãs utilizadas morreram após sete dias de exposição. Em um dos casos, os venenos mataram 100% dos anfíbios após apenas uma hora.
 
Os pesquisadores capturaram 150 exemplares jovens de rã comum da Europa (Rana temporaria) e os expuseram a sete produtos agrícolas, com o objetivo de reproduzir em laboratório as condições encontradas no campo. Os anfíbios foram mantidos em contêineres com solo cultivado com cevada, em que o produto químico foi aplicado uma vez, em quantidade que, segundo os cientistas, seria igual à que cairia em área similar de lavoura.
 
Foram aplicadas três tipos de doses: concentrações recomendadas, um décimo das concentrações recomendadas e 10 vezes as concentrações recomendadas. Cada experimento utilizou cinco anfíbios, “cuidadosamente e obedecendo a critérios éticos”.
 
O veneno mais tóxico encontrado foi o Headline, utilizado principalmente para evitar fungos em cultivos de soja e trigo. Na dose recomendada, matou todas as rãs usadas no teste no intervalo de uma hora. 
 
Segundo a respeitada “Lista Vermelha” da biodiversidade ameaçada, 41% das espécies de rãs e sapos estão em risco de extinção. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), responsável pela lista, culpa a perda de habitat, a poluição, incêndios, as mudanças climáticas, doenças e a superexploração da terra. Mas o novo estudo, publicado na revista Scientific Reports, destacou que o dano colateral dos pesticidas não foi considerado.
 
Abelhas
 
O caso das abelhas é encontrado em diversas partes do Brasil, incluindo o Espírito Santo. A espécie, responsável pela polinização de mais de 70% das espécies agrícolas cultivadas do mundo, sofre bastante com a utilização de certos agrotóxicos e, em diversos casos, simplesmente desaparece com isso.
 
Em Jaguaré, região Norte do Estado, os moradores já começaram a conviver com o desaparecimento das abelhas, creditado à pulverização aérea de venenos. O município vive imerso entre aplicações ilegais sem fiscalização e acidentes ambientais, como vazamentos.
 
O “sumiço” da espécie chegou a tal ponto que até o Ministério da Agricultura e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais alteraram as regras para a pulverização aérea de agrotóxicos que afeta a espécie. Segundo a norma, que foi publicada neste mesmo mês de janeiro, agora há uma série de condições para a aplicação aérea dos produtos, respeitando o período de visitação dos insetos.
 
Com a falta de fiscalização, cidades como Vila Valério e Nova Venécia criaram leis municipais proibindo a utilização aérea de agrotóxicos. Na primeira, a legislação vigora desde agosto do ano passado, impondo multa de R$ 16 mil ao produtor que descumpri-la. 
 
De acordo com o engenheiro agrônomo Luis Augusto Aragão, do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (Caoa), os dois municípios, bem como suas adjacências, não comportam a aplicação aérea de agrotóxicos, por serem entrecortados por muitos rios, córregos e cursos d’água. O fato dificulta muito a existência das distâncias mínimas de 500 metros exigidas para o uso próximo a mananciais, de acordo com as regras estabelecidas pela instrução normativa 011-n, emitida pelo Idaf, que rege a pulverização de venenos por aeronave no Estado.

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