Os impactos da monocultura do eucalipto foram discutidos em audiência pública na Câmara de Ecoporanga (noroeste do Estado), na manhã desta sexta-feira (20). Principal responsável pela degradação na região, a Aracruz Celulose (Fibria) não compareceu ao evento.
Desde segunda-feira (16), o município tem uma lei que regulamenta esses plantios, determinando que somente áreas degradadas poderão receber o eucalipto. Define ainda padrões de percentagem para as áreas ocupadas pela monocultura, conforme o tamanho total do território. Desta forma, propriedades com maior extensão terão uma porcentagem cada vez menor disponibilizada ao eucalipto: propriedades de até 300 hectares poderão ter 50% de sua área ocupada; de 300 a 500 hectares poderão ter até 30%; de 500 a 1000 hectares, 15%, e assim regressivamente.
Valmir Noventa, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), ressaltou os problemas causados às terras pelo modelo do agronegócio, sobretudo da monocultura intensiva e do uso indiscriminado de agrotóxicos e fertilizantes, em oposição ao modelo da agricultura familiar, que visa à produção de alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, e a manutenção de pequenas propriedades com cultivos variados.
Além dos movimentos sociais do campo e da Via Campesina, que solicitaram a audiência, o Instituto Estadual de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf); o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) enviaram representamtes.
O extremo norte e região noroeste do Espírito Santo sofrem há anos com a seca provocada pela monocultura do eucalipto. O uso de agrotóxicos e a pecuária extensiva também são problemas na região, que tem constantes interrupções no abastecimento de água para populações rurais e urbanas.
Nas últimas semanas, um debate em torno de um projeto de lei que aumentava a área do plantio de eucalipto de 15 para 25% no município de Montanha terminou com vitória para os movimentos sociais contrários ao PL, que foi retirado da pauta da Câmara de Vereadores. No dia em que o projeto seria votado, uma mobilização de 500 militantes da Via Campesina fez com que a sessão fosse suspensa.
Mais de 17 mil hectares foram arrendados do Grupo Simão pela Aracruz Celulose nos municípios de Montanha, Pinheiros, Ponto Belo e Mucurici. Outras 14 fazendas, totalizando seis mil hectares, foram arrendadas pela Suzano Papel e Celulose.