Estimativas divulgadas pelo Observatório do Clima apontam que as indústrias localizadas no Espírito Santo emitiram 988 mil toneladas de CO2 em 2013, o que representa 19 mil toneladas a mais do que as contabilizadas no ano anterior de dióxido de carbono, poluente que provoca o aquecimento global.
Comparado ao período de instalação dos grandes projetos na Grande Vitória, a partir da década de 70, os índices demonstram uma escala de crescimento, nos últimos 42 anos, de 588% nas emissões. Em 1971 – 1970 não há dados –, as emissões totalizavam 144 mil toneladas de CO2.
O levantamento divulgado pelo Observatório tem como base o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), que considera dados de órgãos estaduais, no caso o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), conhecido por manter um sistema falho e omisso de monitoramento, que beneficia as principais empresas que respondem pela poluição do ar, a Vale e a ArcelorMittal. Os números, portanto, devem ser ainda mais expressivos.
As emissões registradas no Estado contribuem para o cenário alarmante da concentração de gases do efeito estufa do Brasil, que segundo o Observatório do Clima, voltou a crescer no ano passado, depois de oito anos em queda. Os dados indicam emissões de CO2 equivalente a 1,57 bilhão de toneladas em 2013, uma alta de 7,8% em relação a 2012 e a maior desde 2008.
O aumento representa uma reversão de tendência registrada desde 2005, quando vinham caindo ano a ano as emissões, devido a sucessivas quedas nas taxas anuais de desmatamento. Outra preocupação dos pesquisadores é que ocorre em meio à estagnação da economia do País, o que significa uma redução da eficiência em relação às emissões de gases de efeito estufa.
“O Brasil cita uma matriz relativamente limpa, políticas de combate ao desmatamento e planos setoriais de redução de emissões em vários discursos, mas, na verdade, desde 2009, quando lançou metas de redução de emissões até 2020, não deu nenhum grande salto para colocar nossa economia em uma trajetória de desenvolvimento com emissões decrescentes de gases de efeito estufa”, alertou Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório.
Assim como no País, o cenário não indica perspectivas futuras positivas no Espírito Santo, onde a Vale e a ArcelorMittal estão em processo de expansão, o que representará aumento significativo das emissões de poluentes.
A oitava usina da mineradora, que recebeu licença para operar em agosto deste ano, representará incremento de sete toneladas de pelotas por ano, aumentando em 24% a capacidade de produção do complexo, que passará à produção de 36,2 milhões de toneladas de pelotas por ano. A licença foi concedida mesmo após pedido de suspensão do processo feito em ação civil pública que denunciou irregularidades e barganha entre o poder público e a empresa.
Já a Arcelor retomou o projeto de expansão de sua planta industrial no Planalto Carapina, que permitirá passar de uma capacidade de 3,8 milhões de toneladas/ano de aços laminados para 4,9 milhões de toneladas/ano.
Na região norte do Estado, o ar é poluído pela usina da Aracruz Celulose (Fibria), e pelas usinas de álcool. Além das suas fábricas, as empresas colocam fogo em suas plantações de cana para facilitar a colheita.