A Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Vitória (Semmam) constatou na operação realizada nessa quinta-feira (9) que, além de extraírem o molusco lambreta de forma predatória da Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão, que é uma unidade de conservação de proteção integral, os baianos que são trazidos para o Estado para trabalhar nessa atividade ensinam a técnica predatória aos marisqueiros tradicionais.
Esses possuem a autonomia de entrar na reserva e extrair o sururu, molusco muito apreciado na culinária capixaba, de forma sustentável. Entretanto, nessa época do ano, o sururu ainda não está no tamanho ideal para venda. Por isso, os marisqueiros tradicionais vivem com o seguro-desemprego.
Presume-se que, para ter uma renda extra, eles já estão fazendo a extração irregular das lambretas e revendendo-as aos baianos – uma terceirização do serviço ilegal.
Andréa Campos Rocha, administradora da Estação Ecológica onde a extração é realizada, lamenta a situação e explica que haverá problemas com os marisqueiros capixabas que, apesar de poderem ter acesso à área, estão realizando atividades irregulares. A intenção é que a situação seja resolvida o mais rápido possível para que a permissão não seja revista.
Andréa conta que o mangue possui solo arenoso e raízes aéreas. As lambretas estão à mesma altura das raízes, o que impede que o animal seja recolhido apenas com as mãos. Por isso, usa-se facões e enxadas, provocando a degradação da flora local.
Também há indícios de que os baianos vivem em situação de semi-escravidão no Estado, uma vez que o atravessador arca com as despesas da vinda e a casa onde vivem tem estrutura precária. As condições de vida dos baianos são comparadas à situação dos trabalhadores da cana-de-açúcar.
Durante o flagrante, o atravessador, responsável pela extração, fugiu em um Fiat Strada preto carregado de lambretas, em direção à Bahia. A equipe da secretaria já denunciou a placa e características do veículo ao posto da Polícia Rodoviária Federal de São Mateus, norte do Estado, que ainda não encontrou indícios. A Semmam também faz contato com o Detran-BA em busca de mais informações sobre o condutor.
A intenção é denunciar o caso como crime ambiental. Entretanto, para isso, precisa-se que os relatórios dos flagrantes fiquem prontos e que a decisão seja tomada em reunião.