Quarta, 01 Mai 2024

MST realiza 1ª Festa da Colheita do Café da Reforma Agrária em São Mateus

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Divulgação/MST-ES

"A reforma agrária precisa existir, porque tem muita gente que precisa de um pedaço de terra para ser feliz". A afirmação da assentada, agricultora familiar e militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Alda Batista da Silva é uma das formas de definir a importância da reforma agrária para a justiça fundiária e social do país, como estabelece o Capítulo III da Constituição Federal de 1988, nos artigos 184 a 191.

Filha de meeiros e ela mesma meeira durante a juventude, Alda irradia felicidade ao descrever o impacto que o Assentamento Zumbi dos Palmares, em São Mateus, norte do Estado, proporcionou na sua vida e de sua família desde que foi implementado, em 1999.

"É uma bênção de Deus. A gente partiu de uma situação financeira que 'dava para sobreviver', e hoje cada um tem a sua casa, um carrinho, consegue dar um bom estudo para os nossos filhos. Temos uma escola que vai da creche até o nono ano. Recentemente foi feita outra reforma, a escola está muito linda. É uma bênção na nossa vida. Era um sonho que a gente tinha, de ter nosso pedacinho de terra, poder produzir, alimentar a sociedade. A gente tem uma qualidade de vida muito boa aqui no assentamento".

O Zumbi está próximo ao Assentamento Vale da Vitória, onde está a sede da Cooperativa do MST, a Coopterra, e onde acontece, neste sábado (22), a 1ª Festa da Colheita do Café da Reforma Agrária. O evento tem uma programação cultura e ato político e visa celebrar o "café com gosto de reforma agrária popular".

Entre as presenças confirmadas estão lideranças nacionais importantes, como o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, e João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST, que participará do debate "A cadeia produtiva do café e sua importância no contexto da reforma agrária e seus desafios atuais".

A Coopterra já funciona há alguns anos no Vale da Vitória, atendendo a assentamentos próximos, como o Zumbi dos Palmares, da Alda, e outros localizados na chamada Região dos Quilombos, como Córrego Grande, Jorgina, Pratinha, Palmeira, Córrego Grande, Joerana, maioria na Rodovia Miguel Cury Carneiro, que liga São Mateus a Nova Venécia, entre os KMs 53 a 13.

"É uma estrutura gigantesca", orgulha-se a agricultora. "São vários secadores de café e de pimenta. Já temos o nosso selo, a gente trabalha a consciência de pegar a palha do café e usar como lenha. Tem um trabalho muito lindo!", descreve.

Se no Rio Grande do Sul o MST tornou-se o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, o sonho de Alda e outros assentados é que, no Espírito Santo, o movimento se torne referência nacional na produção de café de qualidade. "Tem lugar de armazenamento, o escritório, e tem crescido em número de sócios e de estrutura. Já temos um volume maravilhoso de produção com tendência de expandir mais".

Passados mais de vinte anos desde que realizou o sonho de ter seu pedaço de chão, Alda relembra com nitidez o que os movia lá naqueles primórdios. "Quando entramos nessa terra foi para ocupar, resistir e produzir. A sociedade muitas vezes nos vê com muito preconceito, a gente sofre muito preconceito. Acham que somos baderneiros, que invadimos terras. Mas nós somos pessoas comuns, como todos os outros trabalhadores, e queremos ter um pedaço de terra para produzir".

A cooperativa, que agora passará a celebrar a colheita de um "café com gosto de reforma agrária popular", torna esse sonho real ainda mais completo. "Ter a terra, o café, e ele ser beneficiado e levado para a mesa da população, podendo chegar ao Brasil inteiro e até para fora, traz muito orgulho para nós. A gente mostra para sociedade que a reforma agrária é uma das coisas mais importantes para alimentar a nação".

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Quinta, 02 Mai 2024

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