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‘Os navios têm mais direitos que nós?’, questionam pescadores de Vitória

Colônia Z-5 quer explicação do Ibama sobre lei desconhecida usada em operação contra barcos a 2,5 milhas da costa

Reprodução/Google Maps

“Os navios têm mais direitos que nós? Pescamos ali há 80 anos, agora vem uma lei que a gente nem foi informado, para dizer que não pode mais pescar?” A súplica vem do presidente da Colônia de Pescadores Z-5, na Enseada do Suá, em Vitória, Álvaro Martins da Silva, o Alvinho, em decorrência de uma operação aplicada na manhã desta terça-feira (6) contra sete embarcações camaroeiras.

Ele conta que os pescadores tiveram materiais importantes e caros apreendidos, como redes e portas, enquanto pescavam a 2,5 milhas, em uma área tradicionalmente usada pelos camaroeiros. “A gente já sabe da proibição até uma milha. E que com três milhas não dá para pescar, por causa dos ‘cata fora’. Sempre pescamos nessa área, nunca nenhum órgão veio falar que era proibido”.

Segundo o presidente da Colônia Z-5, a operação foi feita por fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e das Policias Ambiental e Federal vai gerar multa depois para os pescadores.

A justificativa apresentada, diz, foi uma lei de 2017 que os pescadores desconhecem. “Essa lei apareceu de repente. Quando tem uma lei, o Ibama tem que chamar o pescador, o Ministério Público, explicar…se tivesse dito antes, a gente ia correr atrás pra saber o que é. Mas já chegaram apreendendo o material, como se a gente tivesse obrigação de saber”.

Ele conta que o local é um dos poucos que sobraram para os camaroeiros depois do crime da Samarco/Vale-BHP. “No norte a gente não pode mais pescar, só depois de 20 metros. Depois de três milhas não consegue nem arrastar, só tem lixo e buraco, porque as dragas jogam todo o lixo que tiram quando passa abrindo os canais. Aqui é onde sobrou. A gente anda uma hora e meia de barco pra chegar. É onde tem um sete barbas, um camarão rosa bom”.

Outro questionamento dos pescadores, ressalta, é que a informação passada pelos fiscais durante a operação é de que o motivo da proibição é reservar o local para a ancoragem dos navios que usam o sistema portuário da Grande Vitória. “Nós respeitamos o canal dos navios que atracam na Vale do Rio Doce. Agora a Codesa vem falar pra gente sair da área de ancoragem também? Os práticos dos navios reclamam, porque tinha que ir buscar o navio muito longe, querem ancorar mais perto e expulsam a gente da nossa área de pesca”.

Os pescadores esperam ser atendidos pela gestão do Ibama na manhã desta quarta-feira (7). “Vamos tentar pegar as redes de volta. Não é questão ambiental, é para atender a Codesa. Se fosse preservação ambiental, a gente entendia. Vamos tentar liberar esse material de pesca e entender porque está proibido pescar ali agora, que lei é essa”, reforça.

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