Quinta, 02 Mai 2024

Pescadores querem indenização por acidente com caminhão de Roundup

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Divulgação/Ibama

No 25º dia após o acidente em que um caminhão da transportadora CargoModal carregado do herbicida Roundup tombou no rio Itabapoana, no sul do Estado, os resultados de uma segunda análise da água revelam que os resíduos do agrotóxico e outros contaminantes estão dentro dos limites legais, como informou, nesta sexta-feira (26), o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Segundo a Federação de Colônias e Associações de Pescadores do Espírito Santo (Fecopes), o órgão ainda não oficializou, no entanto, a liberação da pesca, o que prolonga a privação e os danos decorrentes da proibição. A entidade finaliza uma ação judicial contra a CargoModal, com pedido de indenização aos pescadores prejudicados. 

"Os advogados da colônia vão entrar com ação na Justiça, porque mesmo que não tenha comprovado a contaminação, nós ficamos parados, por precaução. E abalou nossa vida financeira, nossa saúde mental. O que que nós vamos fazer com as contas atrasadas? Nossa vida parou nesses 25 dias", argumenta Renan 
Máximo de Sena, vice-presidente da Associação de Pescadores da Limeira (Aspel), em Mimoso do Sul.

Em nota enviada a Século Diário, o Ibama informa que recebeu o laudo com resultado das análises nessa quinta-feira (25) e que foram avaliados diferentes parâmetros de qualidade, como a concentração de metais, compostos inorgânicos e orgânicos voláteis e semivoláteis, a partir da coleta de amostras de água em 16 pontos.

"Dentre os parâmetros avaliados, o mais importante para análise quanto a possível contaminação da água, é a concentração de glifosato, principal ingrediente ativo do produto herbicida Roundup, conforme consta nas Fichas de Informações de Segurança de Produtos Químicos dos referidos produtos", destaca a autarquia.

Segundo a nota, o resultado para a concentração de glifosato foi inferior a 25,0 µg/L, o que significa que está dentro dos limites legais referentes à potabilidade da água para consumo humano, conforme estabelece a Portaria GM/MS nº 888/2021, que estabelece 500 µg/L como valor máximo permitido para o glifosato.

"Desse modo, considerando os poucos indícios de contaminação, verificados na vistoria in loco pela equipe de atendimento a emergências, bem como a partir dos resultados das análises apresentados, é possível firmar convicção de que a água do rio Itabapoana, no local do acidente, não se encontra contaminada pelo herbicida Roundup".

Os laudos respondem a um segundo pedido de análise das águas feito pelo Ibama à CargoModal, cujo prazo venceu nessa quarta-feira (24). Na primeira determinação, a empresa Ambipar, contratada pela transportadora, não apresentou os resultados no prazo estabelecido para o dia 12 de maio.

Os pescadores afetados pelo acidente ficaram impedidos de pescar por meio de uma circular publicada no dia 4 de maio pelo superintendente do Ibama no Espírito Santo, Luciano Bazoni Junior. Muitos, porém, interromperam o trabalho antes, com medo de contaminação.

"Vinte e seis dias parados, as contas vencendo. Ninguém da empresa veio até hoje procurar para oferecer nenhuma ajuda. Só Deus para ter misericórdia", declara Renan Máximo.

Somente a prefeitura municipal, atendendo a pedido do vereador Marquinhos Jaú (PSB), entregou algumas cestas básicas, porém, os alimentos não puderem ser bem aproveitados pelas famílias, pois apresentavam muitos gorgulhos.

"A gente precisava de uma autorização do Ibama para voltar a pescar. A gente tem medo da fiscalização pegar a gente. O Ibama precisa emitir uma circular dizendo que é seguro comer o peixe, para os nossos clientes terem segurança para comprar o pescado novamente", pede.

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