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Reforma Agrária Popular é uma demanda de toda a sociedade

A celebração de um grande encontro entre o campo e a cidade é o que se espera acontecer durante a 2ª Feira de Produtos da Reforma Agrária do Espírito Santo, que será realizada de 14 a 16 de setembro, no Centro de Vitória.

Os itens que estarão disponíveis para comercialização são uma amostra da diversidade que é produzido nos assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Estado: verduras, legumes, frutas e agroindustrializados, como café, pães, biscoitos, arroz e licores, além de mudas de plantas e artesanatos diversos.

Mas, muito além da compra e venda de produtos – a maioria deles já agroecológicos ou em transição para a agroecologia –, a Feira é um espaço e um momento privilegiado para aproximar os moradores da cidade dos trabalhadores do campo, evidenciando a necessidade de unir as lutas por um novo modelo de sociedade, em que a democratização da terra e a soberania alimentar sejam um dos seus fundamentos.

“Mesmo na cidade, uma pessoa sem relação formal com sindicato ou movimentos sociais, tem três ou mais encontros diários com os trabalhadores do campo, no café da manhã, no almoço e no jantar”, lembra Débora Nunes, membro da coordenação nacional do MST em Alagoas e que fará a palestra A Relação Campo e Cidade na Conjuntura Atual: Alianças e Perspectivas.

“A aliança é nesse aspecto, de compreender que a reforma agrária pode contribuir para solucionar a falta de mobilidade urbana, que é consequência do inchaço das cidades, em decorrência da expulsão dos trabalhadores do campo. Ou o próprio preço do alimento, pois uma oferta menor do que a procura faz aumentar o preço, e, ao contrário, tendo mais gente no campo produzindo alimento saudável, tem impacto positivo direto sobre os moradores das cidades”, exemplifica Débora.

A coordenadora nacional do MST enfatiza a diferença entre a Reforma Agrária clássica, empenhada de forma canhestra pelo Estado, e a Reforma Agrária Popular, reivindicada pelos movimentos sociais.

A primeira, explica, é uma demanda do próprio capital, que precisa de mão de obra barata para produzir matéria-prima para as indústrias e alimento para a cidade. Desde a década de 1970, ela é feita com esse objetivo, distribuindo terra para uma pequena parcela dos trabalhadores.

Já a Reforma Agrária Popular tem como pressuposto a democratização da terra, não com políticas pontuais para resolver conflitos, mas com medidas que transformem a desigual estrutura fundiária brasileira, colocando a terra nas mãos dos camponeses. E, uma vez democratizada a terra, explica Débora, dar um novo uso aos bens da natureza, a água, o solo, a biodiversidade, os rios, as florestas, além de prover o acesso à cultura e ao lazer, compreendendo as diversas dimensões da vida humana.

“A sociedade precisa saber que esse modelo hegemônico de produção rural, concebido pelo Estado, por meio do direcionamento dos recursos públicos ao agronegócio, não produz alimentos saudáveis”, salienta a líder camponesa, lembrando que a média de consumo de agrotóxicos pelos brasileiros já chegou a sete litros por ano por pessoa. “A Reforma Agrária Popular é um projeto para o campo, sim, mas tem a ver com toda a população, é um outro projeto de sociedade”, enuncia. 

 

Serviço:

2ª Feira de Produtos da Reforma Agrária do Espírito Santo

Data: 14 a 16 de setembro

Local: Praça Costa Pereira (e debates no auditório do Sindibancários – Rua Wilson Freitas, 93, Centro, Vitória)

Programação:

Quinta-feira, dia 14

7h às 19h – Feira de Produtos e Rádio Universitária SOY LOCO POR TI

12h – O Homem Máquina

14h – Abertura da Feira

15h às 16h30 – Troca de Sementes

17h às 19h – Debate: Produção e alimentação saudável, com Ana Terra (MST) e Alcemi Barros (UFES). Local: Auditório Sindibancários

19h30 – Culinária da Terra.

20h às 22h – Show com Regional da Nair

Sexta-feira, dia 15

7h às 19h – Feira de Produtos Culinária da Terra e Rádio Universitária SOY LOCO POR TI

12h – Lançamento do Livro Poesia Sem Tetra, uma produção da Juventude nos Assentamentos do MST/Editora Cousa

14h – Cortejo pela Rua Sete

15h às 16h30 – Oficina de Plantas Comestíveis Não Convencionais (PANCS). Coletivo Casa Verde

17h às 19h – Debate: A relação campo e cidade na conjuntura atual: Alianças e Perspectivas, com Débora Nunes (MST) e Carlos P. de Araújo

19h30 – Homenagem à Revolução Cubana e à Revolução Russa e a Construção de uma Utopia Socialista Ademar Bogo (UFBA) e Olga Perez Souto (Universidad de Havana)

20h às 22h – Show com Grupo de Forró Chapéu de Palha

Sábado, dia 16

7h às 14h – Feira de Produtos e Culinária da Terra

9h – Teatro do Oprimido. Grupo de Estudos em Cultura e Educação Popular

11h – Show com 5.SAMBA

14h – Encerramento

 

 

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