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Vendas de orgânicos cai pela metade no Estado

Encurralados por uma briga política, deflagrada há um mês, entre a Secretaria Estadual de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os agricultores orgânicos e a população é que ficaram no prejuízo. “Além da crise da água, que já fazia perder parte da produção na roça, agora, do que a gente colhe, volta a metade pra casa”, lamenta Selene Tesch, presidente da Associação de Agricultores e Agricultoras de Produção Orgânica Familiar de Santa Maria de Jetibá (Amparo Familiar).
 
Desde a veiculação, na grande imprensa, de matérias colocando em dúvida a qualidade dos produtos vendidos nas feiras agroecológicas de shoppings da Grande Vitória, as vendas caíram pela metade nesses pontos de comercialização. E com isso, perde também a população, que se vê privada de acessar os benefícios de uma alimentação orgânica e agroecológica. 
 
Nas ruas, onde algumas feiras já têm quase 15 anos de funcionamento, também houve queda. Um pouco menor, em função do conhecimento mais aprofundado dos frequentadores e da relação de confiança já estabelecida com os feirantes.
 
O fato é que as notícias veiculando suspeita de contaminação por agrotóxicos de alimentos produzidos por agricultores não-certificados foi considerada uma grande leviandade. Os produtores ainda não certificados estão em processo de transição há muitos anos, experimentando e verificando, no dia a dia, as vantagens das técnicas orgânicas sobre as convencionais. O processo de certificação está na reta final e os certificados serão entregue até o final de outubro, o que garante a segurança dos produtos comercializados. “A qualidade é a mesma”, sentencia Selene.
 
A iniciativa de levar às feiras os produtores já nesse processo final de certificação foi da própria Amparo, como forma de incentivar a transição de mais famílias. “Eles têm percebido que os produtos biológicos, permitidos na agricultura orgânica, estão dando mais resultado que os agrotóxicos”, comemora Selene. “Antes [há 30 anos, quando teve início o movimento de agricultura orgânica no Espírito Santo], era tudo experimental, manual. A gente testava, testava, foi criando tecnologia. Se desse certo tudo bem, senão, amém”, recorda.
 
É preciso prestar mais esclarecimento à sociedade e é preciso que a própria sociedade também cobre essa clareza por parte dos órgãos públicos, que ela procure as feiras, converse com os agricultores, visite-os em suas propriedades – muitos produtores realizam agroturismo, onde os consumidores podem visitar a lavoura e conhecer de perto os processos orgânicos realizados -, pergunte, cobre, sugira.
 
Os alimentos orgânicos são muito mais saudáveis que os convencionais – não só para os consumidores, mas também para os produtores e para a natureza -, são mais nutritivos e também mais saborosos. “As verduras têm muito mais sabor. E duram mais”, atesta o comerciante Fernando Teodoro, que sempre se surpreende com o sabor e o aroma das verduras orgânicas que a filha, religiosamente, traz das feiras orgânicas semanalmente. “Ainda estou muito habituado com o supermercado, mas, sempre que posso, uso os orgânicos, muito melhores”, reconhece. 

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