O movimento do grupo de 19 deputados estaduais que anunciou na semana passada o apoio ao nome do colega Amaro Neto (SDD) em uma eventual disputa ao Senado já começa a repercutir no mercado político. A notícia, num primeiro momento, incomodou bastante Magno Malta (PR) e Ricardo Ferraço (PSDB). Os dois senadores, que buscam a reeleição, viram com preocupação a entrada de um adversário competitivo (favorito, para alguns) na disputa.
Dos dois, Ricardo Ferraço foi o que se demonstrou estar mais apreensivo. Ficou patente que o movimento em torno do projeto de Amaro teria vindo do Palácio Anchieta. Também teria partido de Paulo Hartung (PMDB) uma proposta de acomodação para o “ameaçado” Ricardo. O tucano teria sido sondado para compor a chapa como vice de Hartung, no projeto de reeleição para as eleições de 2018
A proposta devolveria Ricardo mais de uma década para trás, em 2006, quando compôs chapa com Hartung. Segundo interlocutores palacianos, o governador estaria tentando convencer Ricardo de que suas chances de reeleição estariam reduzidas com a entrada de Amaro na disputa. Como o atual vice-governador César Colnago (PSDB) já havia se decidido pela disputa à Câmara dos Deputados, a vaga de vice estaria em aberto.
Para os meios políticos, a movimentação mostra que Hartung estaria mais próximo do DEM, com o convite de filiação em aberto, mas mantendo a composição com partidos próximos, como o PSDB. Mas há arestas para aparar com essa estratégia.
A primeira delas é com o próprio senador, que ainda não sinalizou que abraçará a proposta. Inclusive, convidado para participar da visita do presidente em exercício Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao Estado, nesta sexta-feira (1), recusou o convite, alegando ter outras agendas. Ricardo Ferraço vem se reaproximando do colega Magno Malta (PR) para retomar a parceria de palanque e caminharem juntos em 2018.
Paralelamente, o senador vem conversando tanto com o grupo de Hartung quanto com o do ex-governador Renato Casagrande (PSB), em busca das melhores condições de disputa, o que pode incluir uma dobradinha do socialista e do tucano.
Outra dificuldade para essa proposta avançar é com a Executiva do PSDB, que tem como prioridade a reeleição de Ricardo Ferraço para o Senado. Essa movimentação mudaria o planejamento do partido para o próximo ano. Hartung teria tentado no início do ano ingressar no PSDB com a proposta de disputar o Senado, oferecendo a disputa ao governo para Ricardo Ferraço, mas ideia foi rejeitada pelo tucano, que viu passar na sua cabeça o filme de 2010, quando foi preterido de última hora da disputa ao governo para dar lugar a Casagrande.
Como a Executiva estadual do PSDB é arredia à composição com Hartung, pode haver resistência à proposta. Além disso, para a nacional do partido é mais interessante ter um senador do que um vice-governador. A cúpula tucana, via Tasso Jereissati, presidente interino do partido, buscava a filiação de Hartung, mas sem negociar a vaga de Ricardo Ferraço.