Uma das principais adesões que o governador Paulo Hartung (PMDB) conseguiu para seu terceiro mandato foi o surpreendente apoio do senador Magno Malta (PR). Mas se para Hartung o apoio é vantajoso, porque tira do campo político um duro adversário, para o senador o acordo traz mais prejuízos do que ganhos. Malta saiu desgastado da eleição deste ano e a recompensa pela adesão parece ser pequena diante do risco que representava no passado.
A indicação de Haupher Luigi para a direção do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) pareceu o descer de um degrau, já que ele comandava a Superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit). O PR sai assim do campo federal para o Estadual e com uma estrutura que não permite a mesma articulação que uma secretaria, como a que está sendo ocupada pelo PT (Desenvolvimento Urbano) com João Coser.
Com a adesão de Malta ao seu grupo, Hartung neutraliza um adversário pertinaz. Na eleição de 2010, por exemplo, Hartung poderia ter disputado o Senado, mas o fato de ter de disputar uma das duas vagas com Magno Malta representava risco, e ele acabou desistindo.
Com uma imagem blindada, Hartung temia que o jeito imprevisível do senador o colocasse em situação delicada na disputa. O PR diminuiu seu poder político desde então. O partido perdeu importantes lideranças, como o ex-prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga, além de Vandinho Leite e Glauber Coelho, que levaram para seus novos partidos uma leva de republicanos.
O partido em 2012 teve um desempenho distante do esperado e em 2014, o movimento antecipado de Malta, indicando que poderia disputar o governo do Estado, levou ao esvaziamento do partido. O grupo pretendia ficar no palanque do governador Renato Casagrande e Malta parecida disposto ao enfrentamento.
Depois disso, o senador fez um “voo cego” novamente ao anunciar que disputaria a Presidência da República, mesmo sem o apoio do partido, que se manteve na base do governo Dilma. Malta acabou ficando isolado e viu os nomes dos candidatos lançados por ele no Estado naufragarem um a um. Sua maior aposto, a candidatura do delegado Fabiano Contarato ao Senado, foi o maior fiasco político da eleição 2014 no Estado. Sem aviso prévio, Contarato abandonou o PR de Magno Malta no altar.
Aliança com Hartung
Assim que acabou o pleito, o governador e o vice, Cesar Colnago (PSDB) concederam entrevista a Magno Malta, na rádio A Cor da Vida. O tom de Malta de apoio e cordialidade destoava do discurso duro que o republicano costumava usar contra Hartung e seu grupo num passado recente. O republicano chamava a unanimidade de Hartung de ???condomínio de poder???. O termo também se estendia ao então governador Renato Casagrande (PSB).
Aliás, Malta sempre classificou Casagrande como integrante do grupo de Hartung e que havia sido colocado na condição de desafeto dessas lideranças porque não aceitava a unanimidade.
O senador, porém, tem uma situação complicada em relação ao seu próprio futuro. Malta não elegeu nenhum aliado na eleição deste ano. A vaga conquistada na Assembleia, com o deputado estadual Gilsinho Lopes, não dependeu da força política do senador. A mulher dele, a deputada federal Lauriete (PSC), não disputou a reeleição e tampouco elegeu aliados, dando pinta de que se “aposentou” da carreira política.
Em 2018, o senador disputa a reeleição para o cargo e com o desgaste político acumulado até aqui, pode ter dificuldades na disputa, ainda mais porque o cenário aponta para o surgimento de novos nomes na corrida ao Senado.