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Aliança com Hartung pode custar a autonomia política de Max Filho

A possível aliança entre o governador Paulo Hartung (PMDB) e seu antigo desafeto político, o deputado federal Max Filho (PSDB), que selaria uma parceria para a eleição à prefeitura de Vila Velha, continua a repercutir nos meios políticos. Para algumas lideranças, a escolha do tucano pode colocá-lo em um grupo que poderá trazer prejuízos futuros. 
 
Isso porque o governador Paulo Hartung trabalha com política de grupo, cujos principais objetivos é dar suporte às suas articulações e fortalecer seu jogo político no Estado. O problema é que essas estratégias nem sempre vêm ao encontro dos objetivos dos aliados. Neste sentido, a colocação da candidatura de Max Filho à prefeitura de Vila Velha, agora em 2016, no palanque palaciano, pode parecer um bom negócio, mas deixaria o tucano à mercê dos interesses do governador, sobretudo no cenário eleitoral de 2018. 
 
Max Filho vem criando condições para uma disputa estadual no futuro, inclusive para o governo do Estado. Ao aceitar o jogo de 2016 ele fica restrito a Vila Velha, mas a articulação não para por aí. Ao aceitar agora a aliança, Max Filho teria que se submeter aos interesses do governador em 2018, e não se sabe qual o caminho que ele seguirá. Hartung assumiu o governo dizendo que não disputaria a reeleição, mas isso não é uma garantia. Ele pode disputar o Senado, e tem sido cotado até para a Presidência da República e ministérios num possível governo de Michel Temer. Enquanto decide seu caminho, ele vem fazendo promessas aos aliados. 
 
É o que acontece com o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT), a quem Hartung teria dito que tem “planos maiores” para 2018. Mas para isso o pedetista teria que desistir da disputa à prefeitura da Serra este ano, deixando o caminho livre para Audifax Barcelos (Rede) se reeleger com o apoio palaciano. 
 
Outras lideranças que aderiram à política de grupo de Hartung hoje têm problemas para seguir o próprio caminho. É o caso do deputado federal Lelo Coimbra, que tenta construir uma candidatura em Vitória e mesmo sendo do mesmo partido do governador não atende hoje o interesse palaciano.
 
Outro que disputa a eleição em Vitória e que já abriu mão de disputas importantes em nome do jogo político de Hartung é Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB). Apesar de o tucano ter um bom capital eleitoral na cidade, o governador prefere apostar em uma nova liderança de seu grupo, o deputado estadual Amaro Neto (SD), que, aliás, parece ser visto como uma peça coringa. Ele foi acionado para tentar melhorar a imagem do prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM), mas não obteve resultado positivo. 
 
Ainda em Vitória, o atual prefeito Luciano Rezende (PPS) é um dos exemplos mais fortes do que pode significar a dependência da política de grupo de Hartung. Ele já foi um aliado ferrenho do governador, mas ao decidir manter a candidatura a prefeito de Vitória, em 2012, contrariando os planos do governador e impondo a ele uma derrota, já que o peemedebista apoiou Luiz Paulo, Luciano se vê hoje pressionado por um cerco político que tem o objetivo de isolar seu palanque à reeleição e desidratar sua imagem na Capital. O prefeito, porém, vem sobrevivendo ao cerco, provando que existe vida além do tabuleiro político de Hartung.
 
Para os aliados de Max Filho, sua musculatura hoje é suficiente para uma disputa à prefeitura de Vila Velha ou a construção de um palanque alternativo em 2018, mesmo que seja para a disputa ao governo do Estado contra Hartung ou um aliado dele. Internamente, o deputado federal teria condição, inclusive, de superar o vice-governador César Colnago no apoio dos tucanos. 
 
Mas uma vez tendo aceitado a aliança, se tornaria dependente das movimentações de Hartung, podendo ter seus objetivos futuros diminuídos ou eliminados em nome de uma governabilidade à frente da prefeitura, que não tem garantias de que o governador cumprirá. 

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