O Palácio Anchieta bem que tentou, mas ainda não foi desta vez que a armadilha preparada para pegar o ex-governador Renato Casagrande (PSB) funcionou. Nas 79 páginas do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Empenhos, elaborado pelo deputado Euclério Sampaio (PDT), e que seria lido nessa quarta-feira (11) na reunião do colegiado na Assembleia , o ex-governador Renato Casagrande (PSB) não aparece entre os indiciados.
Os relatores da CPI – Rodrigo Coelho (atualmente à frente da Secretaria estadual de Assistência Social) e, posteriormente, Euclério Sampaio – bem que tentaram tentaram envolver o ex-governador, mas não tiveram sucesso. Nas tomadas de depoimentos percebe-se a tentativa de comprometer o socialista na ordenação dos pagamentos feitos pelas secretarias, que supostamente não teriam os devidos empenhos. Este teria sido o motivo que levou o presidente da CPI, o líder do governo Gildevan Fernandes (PMDB), a pedir prorrogação do prazo da CPI por mais 30 dias – até 8 de julho.
Gildevan alega ter novas denúncias que devem ser apuradas, mas nos corredores da Assembleia, o que se comenta é que o deputado vai tentar dar um jeitinho para comprometer o ex-governador. Isso porque, para o Palácio Anchieta pouco importa a denúncia contra cinco secretários do governo passado – Tadeu Marino (Saúde), Iranilson Casado (Desenvolvimento Urbano), Fábio Damasceno (Transporte), Ailton Xavier (Justiça) e Maurício Duque (Fazenda) –, já que o objetivo seria o de fortalecer uma manobra para criminalizar Casagrande e tirá-lo da disputa de 2018.
Nos relatos sobre as tomadas de depoimento dos ex-secretários do governo Casagrande pelos deputados da CPI, é possível notar que os relatores tentam puxar o governador para imbróglio. “O senhor lembra das palavras do governador? O que ele disse? Estou falando com o senhor porque estou com a sindicância aqui”, questionou Euclério Sampaio a Ailton Xavier sobre o pagamento de abonos aos servidores públicos e a conta que deveria ser feita para que pudesse haver o pagamento.
Mais à frente. “Essa decisão era tomada única e exclusivamente pela Secretaria do ponto de vista do aumento das gratuidades, ou era uma decisão de Governo?”, questionou o então relator Rodrigo Coelho ao ex-secretario Fábio Damasceno sobre o Transcol Social. Os ex-secretários, porém, não fizeram declarações que comprometessem Casagrande.
A CPI levanta os indícios e encaminha para o Ministério Público Estadual (MPES) a quem cabe oferecer denúncia à Justiça ou não. Em geral, de acordo com o relatório, a punição sugerida pela CPI para os ex-secretários foi parecida: improbidade administrativa, crime contra as finanças públicas, pagamento de multa entre outras sanções.
O relatório estava pronto para a leitura na reunião desta quarta e chegou a ser anunciado, mas acabou não sendo lido. O documento, porém, já poderia ser solicitado pelos membros da CPI e foi. Século Diário teve acesso ao relatório que aponta as irregularidades encontradas nas Secretarias que investigou, o depoimento dos envolvidos, os balanços apresentados pelo governo e o parecer do relator. A visão de Euclério sobre o assunto, porém, não teria agradado o governo do Estado, que esperava o indiciamento de Casagrande. Como isso não aconteceu, Gildevan tentou tumultuar a sessão e discutiu duramente com o relator, que não parece disposto a mexer em seu relatório.
O deputado Freitas (PSB), aliado de Casagrande, também discutiu com o líder de Hartung, mas Gildevan conseguiu maioria para adiar a leitura do relatório e prorrogar CPI por mais 30 dias. Pelo conteúdo apresentado no relatório, o palaciano terá dificuldade para incluir o nome do ex-governador na denúncia. Os elementos não apontam responsabilidade de Casagrande até aqui. Resta saber o que poderá ser “fabricado” nos próximos dias.