A solenidade de transmissão do cargo de governador na tarde desta quinta-feira (1), no Palácio Anchieta, foi disputada. Muitos dos presentes que estiveram mais cedo, entre 15 e 16 horas, na Assembleia Legislativa para acompanhar a sessão extraordinária de posse do governador Paulo Hartung (PMDB), seguiram para o Palácio Anchieta. Prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais e representantes da sociedade civil lotaram o salão São Tiago para acompanhar a passagem da faixa de Renato Casagrande (PSB) para Paulo Hartung. Depois de uma batalha eleitoral dura, o encontro entre as duas lideranças, como não poderia ser diferente, foi com sorriso amarelo de ambos os lados.
Com um aperto de mão tímido, quase constrangedor, e uma distância segura entre os dois, Casagrande e Hartung assinaram o livro de transmissão do cargo. A faixa para Hartung foi passada pela chefe do cerimonial de Casagrande, Hilda Cabas, que deixa o Palácio na nova gestão que se inicia nesta quinta.
Depois disso, Casagrande deixou o local para dar espaço ao discurso de Hartung, que antes ouviu uma apresentação da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo. O primeiro discurso de Hartung, depois de empossado foi longo, mas sem grandes novidades.
O governador iniciou sua fala agradecendo à família, em especial à mulher, Cristina Gomes, uma justificativa para iniciar as alfinetadas em seu adversário, relembrando a disputa eleitoral em que denúncias sobre as viagens da primeira dama nos dois primeiros mandatos de Hartung.
A partir daí, Hartung passou a falar sobre seus projetos de governo, tendo, segundo ele, o foco no reequilíbrio das contas públicas. Disse que quando encerrou o governo, em 2010, deixou as contas organizadas e recursos bilionários e caixa. Recursos que, segundo ele, seriam suficientes para que o Estado desse um salto na área social e que isso não havia acontecido, porque o governo que o sucedeu encerrou a gestão com desequilíbrio das contas, por “incompetência” e “irresponsabilidade”.
Hartung também falou nas áreas prioritárias de seu governo, como a educação, que foi sua bandeira de campanha e a cultura, destacando a conclusão do Cais das Artes como principal obra a ser entregue nesta área. Falou ainda sobre mobilidade “humana”, com o desenvolvimento de uma cidade voltada para o pedestre e não para o automóvel.
Disse que iria promover uma reestruturação nas secretarias de saúde e desenvolvimento, que para ele estão em situações críticas. Voltou a destacar o papel de sua equipe de governo, que embora não apresente grandes novidades, remontando os aliados de seus governos passados, vai, afirmou, aliar experiência e juventude.
Aliás, a juventude tem sido um tema que Hartung tenta encaixar em seu discurso desde a campanha e desta vez não foi diferente. Falou da importância da interlocução com as redes sociais, sobretudo depois das mobilizações que começaram na internet e ganharam as ruas em 2013.
Em nível nacional, Hartung destacou a influência que as crises da Europa e da Ásia podem trazer no campo da economia e que vai atuar no sentido de buscar o equilíbrio para o País nesta área.
O longo discurso foi acompanhado pelas autoridades e a claque que aplaudia quando solicitada pelo próprio governador. Ao final da solenidade, Hartung passou a receber os cumprimentos das pessoas que acompanharam o ato.
Colnago
“Vice meu carrega pedra”. Mesmo não assumindo uma secretaria no governo, Hartung garantiu durante o discurso que seu vice, César Colnago (PSDB), terá um papel atuante no governo. Será ele o responsável por coordenar um dos programas na área de Segurança Pública que Hartung vem apostando. O sucessor do Estado Presente de Casagrande deve ser rebatizado de Ocupação Social, para ganhar uma embalagem nova.
Mas este não deve ser o único programa a ser entregue a Colnago. Ele vai atuar como uma espécie de gerente de projetos no governo. Colnago também deve ser um interlocutor de Hartung com o interior do Estado.
Decreto
O governador anunciou ainda que nessa sexta-feira (2), quando dará posse aos secretários de seu governo, vai assinar um decreto para a construção de um direcionamento multisetorial do governo. “Queremos que este seja um governo de entrega”, disse sobre o programa que vai servir para orientar o trabalho dos servidores do Estado neste sentido.
Hartung também anunciou que uma comissão será formada para avaliar o Orçamento do Estado para 2015. O projeto que está parado na Assembleia vai ser reestruturado, já que a equipe do peemedebista não considera a peça crível. Aliás, no discurso de posse na Assembleia, ele fez questão de agradecer aos deputados que postergaram a aprovação da LDO 2015. Hartung disse que a iniciativa dos parlamentares foi sensata.
