Para os meios políticos, um dos erros estratégicos do prefeito de Vitória, João Coser (PT), foi não ter preparado um sucessor nos oito anos que esteve à frente da prefeitura de Vitória. Mas a fórmula evidenciada pela nova conjuntura política do Estado aponta para a necessidade de articulação com a base e não pela imposição de um nome ligado ao agente político.
Nesse sentido, a movimentação que o governador Renato Casagrande vem fazendo nos meios políticos serve de exemplo para os prefeitos eleitos em outubro. Assim como o governador, os prefeitos devem se preocupar primeiro em criar um ambiente propício para garantir a reeleição. Casagrande vem acomodando os aliados sem privilegiar ou excluir nenhuma liderança.
Os prefeitos eleitos, sobretudo na Grande Vitória, chegaram às prefeituras graças a costuras com outros partidos, até porque nenhum deles é de uma sigla forte. O PPS, por exemplo, conquistou Vitória e Cariacica, mas não tem em seus quadros gente suficiente para tocar a administração.
Luciano Rezende tem até um nome ligado a ele do partido, o vereador Fabrício Gandini, mas neste momento não vai colocá-lo como seu sucessor. Até porque a Câmara de Vereadores já deu seu recado, colocando Gandini e o prefeito eleito em uma saia-justa, com a derrubada do veto ao projeto do vereador, que concede 14º salário aos professores municipais.
A ideia é que ao se aproximar de uma liderança prematuramente, os prefeitos eleitos deixarão em alerta os demais interessados em se aproximar da prefeitura. Daí a necessidade do jogo de cintura na hora de lidar com a classe política.
Só depois de garantidas as reeleições, os prefeitos devem observar as lideranças que se destacam no cenário de cada município. Isso significa que os sucessores não devem necessariamente vir do mesmo partido. É o que deve acontecer em Cariacica, já que o prefeito eleito Geraldo Luzia, o Juninho (PPS), não teria à sua disposição dentro do partido uma liderança com peso político para transformar em sucessor.
Na Serra, o cenário polarizado entre o atual prefeito, Sérgio Vidigal (PDT), e o prefeito eleito Audifax Barcelos (PSB), aliado ao fato de o município não apresentar grandes novidades políticas, dificulta a visualização do cenário. O prefeito eleito tem uma ligação política forte com o vereador Jamir Malini, que é do PTN. Há também uma aproximação com o PR, mas o secretário de Esportes, Vandinho Leite, é um candidato claro a deputado federal.
Em Vila Velha, o sucessor natural de Rodney Miranda (DEM) pode ser o seu vice, Rafael Favatto (PRB), mas oito anos é muito tempo para saber se a parceria vai se consolidar até lá, e outras lideranças podem aparecer no decorrer desse período.