O principal articulador da manobra de rejeição das contas do governador Renato Casagrande (PSB) na Assembleia é o deputado Paulo Roberto (PMDB), que vem usando o legislativo para atender à demanda do governador eleito em fazer com que o socialista deixe o governo desgastado politicamente. Mas a manobra na Comissão de Finanças da Casa não é um campo isolado de atuação de Paulo Roberto.
Desde que chegou ao Legislativo em uma controversa disputa judicial pela vaga de suplente, o parlamentar tem se movimentado para desgastar o governador politicamente. As duas passagens de Paulo Roberto pela Assembleia não foram pelo voto direto, e sim por movimentações judiciais. A primeira, na cassação do mandato de Jardel dos Idosos, ainda no governo do aliado Paulo Hartung (PMDB).
Na época, os comentários nos bastidores eram de que a inconstância de Jardel era problemática para Hartung, que precisava de um aliado fiel para ser seu porta-voz na Casa. Mesmo com a submissão total do Legislativo ao governador, Paulo Roberto ingressou na Casa por meio da movimentação judicial, que tirou Jardel do plenário, e logo se tornou líder do governo Hartung.
Isso não lhe rendeu, porém, estofo para garantir a reeleição. Em 2013, com a modificação do plenário graças às eleições municipais, Paulo Roberto voltouà Assembleia, não sem antes protagonizar outra controversa batalha judicial. Como mudou de partido e a legislação determina que a vaga é da coligação e não do suplente, ele não teria mais direito à vaga e sim o vereador de Colatina, Olmir Castiglioni (PSDB). Mas a Justiça se apegou apenas aos motivos pelos quais o Paulo Roberto mudou de partido e lhe deu a vaga.
Este ano, o deputado desistiu da disputa dias antes da eleição e teve pouco mais de 140 votos, um número muito baixo para quem desistiu às vésperas da eleição e já estava com o nome na urna e campanha consolidada no eleitorado. Isso não perece ser problema para o parlamentar, que deve ser recompensado no novo governo pelos ???serviços??? prestados na Assembleia ao governador eleito.
Antes mesmo do processo eleitoral, o peemedebista disparava contra o governador atual no plenário da Casa. Foi ele quem, a partir do relatório sobre os gastos do governo feito por aliados do governador eleito, levou o tema para a Assembleia e passou a criar situações para incomodar o governador.
A partir da eleição, Paulo Roberto passou a atuar como líder informal do governador eleito e vem manobrando para que os parlamentares não aprovem matérias na Casa que possam gerar gastos para o próximo governador.
Outro deputado que vem atuando como representante do próximo governo é Euclério Sampaio (PDT). Se durante o governo Paulo Hartung, o pedetista foi várias vezes desprestigiado pelo Executivo, hoje parece ter feito as pazes com o peemedebista e passou a atacar o governador Renato Casagrande.
A atuação de Euclério sempre foi inconstante. ?? frente da polêmica CPI do Grampo, como relator das investigações, não conseguiu ler seu relatório, que como ele mesmo alardeava, beirava o Palácio Anchieta, à época comandado por Hartung. Em vários momentos, criticou a não execução de suas emendas no Orçamento e a falta de respeito do Executivo em não responder seus pedidos de informação.
A partir da eleição municipal de 2012, Euclério teria se acertado com Hartung por meio da Prefeitura de Vila Velha. Nos meios políticos, os comentários são de acomodação dos interesses de Euclério na gestão do aliado de Hartung, Rodney Miranda (DEM).
Na Assembleia essa movimentação foi percebida quando o deputado recuou do caso do Posto Fantasma, depois de protagonizar as denúncias e assumir o tema como bandeira, inclusive com registros fotográficos das obras, que não saíram da fase de terraplanagem, causando um prejuízo de R$ 25 milhões ao Estado.
O deputado também atuou na polêmica sobre o contrato com a Rodosol. Mesmo tendo feito adendos ao contato, inclusive assumindo as obrigações da empresa, como a construção do Canal Bigossi e da Alça da Terceira Ponte, o deputado costurou o discurso de crítica à assinatura do contrato, tirando a responsabilidade do governo do peemedebista sobre as mudanças. As gestões Hartung foram as que mais beneficiaram a Rodosol.