Audifax Barcelos (Rede) e Luciano Rezende (PPS), dois prefeitos reeleitos em 2016, respectivamente em Serra e Vitória, mal se ajeitaram na cadeira passaram a fazer um movimento, num primeiro momento mais velado, em direção ao processo eleitoral de 2018.
Luciano saiu na frente ao abrir a polêmica sobre a qualidade do saneamento oferecido pela Cesan aos moradores de Vitória. A partir da polêmica aberta, o prefeito tirou o governador Paulo Hartung (PMDB) do sério ao ameaçar transferir os serviços para a iniciativa privada. A jogada desconcertante deu visibilidade ao prefeito e fez circular nos meios políticos que Luciano poderia sim antecipar seu projeto de chegar ao Palácio Anchieta para 2018.
A oportunidade de antecipar o projeto ao governo, porém, não entrou apenas no radar de Luciano, Audifax também percebeu que o atual cenário permitiria pular etapas rumo ao Anchieta. Essa tese começou a ganhar contornos mais fortes na boca da mandachuva da Rede. A presidenciável Marina Silva afirmou que o partido não abriria mão de ter candidato ao governo no Espírito Santo. Como Audifax é a principal estrela do partido no Estado, ficou mais do que entendido, que a missão caberia ao prefeito da Serra.
Desde que seu nome entrou na roda, Audifax tem “fingido” que essa discussão está ainda muito distante. Na linha: “é cedo para falar sobre 2018”; “a Rede pretende ter candidato ao governo, mas vamos avaliar mais à frente qual seria esse nome”. Ao mesmo tempo que esconde o jogo, o redista fez, essa semana, um movimento mais agudo com vistas ao projeto de antecipar sua entrada na corrida ao Palácio Anchieta.
Dentro dessa estratégia, Audifax “plantou” a foto de duas lideranças jovens da Rede posando ao lado do deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB). A mensagem subliminar dizia: “Majeski, se está insatisfeito com o PSDB, vem pra Rede que aqui você tem legenda para disputar o Senado, compondo chapa com Audifax ao governo”.
O assédio de Audifax não poderia vir em melhor hora. O prefeito serrano leu bem o momento vulnerável do tucano no PSDB, que admitiu estar aberto para conversar com outras agremiações, já sinalizando que não tem mais clima para continuar no partido, principalmente após o PSDB bater o martelo que fica no governo Temer.
Se Majeski vai aceitar ou não o convite da Rede são outros quinhentos, mas Audifax – depois de Luciano ter refreado sua investida quando viu seu nome envolvido nas delações da Odebrecht – é a primeira liderança, fora do arco de influência de Hartung, a fazer movimentos mais agudos estrategicamente vislumbrando o processo eleitoral de 2018.
É claro que Audifax, depois de criar o fato, vai fazer de tudo para esconder quais as cartas que tem na mão. Para ter opções de jogo mais à frente, o redista deve transferir a vice-prefeita, Márcia Lamas, hoje no PSB, para a Rede. Seria uma garantia caso ele decida sair para a disputa ao governo. Se chegar ao Palácio Anchieta, entrega a Serra nas mãos de Márcia e do seu filho, o deputado estadual Bruno Lamas (PSB). Se perder, não poderá reassumir a prefeitura, mas, nesse arranjo, manteria o comando do município por meio de uma gestão “fantoche” de Márcia Lamas. Dependendo do cenário que se apresentar no ano que vem, Audifax pode abortar seu plano de antecipar sua corrida ao governo e seguir à frente da prefeitura, lançando Márcia, por exemplo, à Câmara ou Assembleia, mas pela Rede.
Audifax sabe que tudo que o partido precisa nesse momento é construir quadros para fortalecer a Rede no Estado, condição indispensável para que esse ambicioso projeto possa sair do papel e alçar o redista no páreo com chances reais de vitória. Memso porque, Audifax não deve arriscar renunciar seu mandato, que foi conquistado com muito suor, para entrar numa disputa com poucas chances, apenas para ganhar “experiência”.