O posicionamento dos senadores pelo Espírito Santo causa preocupação nos meios políticos em relação aos próximos passos do governo provisório de Michel Temer (PMDB). Se o peemedebista não apresentar uma resposta rápida ou se o controverso ministério desandar, os reflexos podem ser negativos para quem endossou o governo Temer. O próprio empresariado que pedia a mudança, já estabelece prazo para o governo Temer dar respostas, ou seja, mesmo quem queria a saída de Dilma se mostra cauteloso com o novo governo. Na imprensa e nos meios políticos também já surgem as primeiras críticas à equipe de Temer.
Mas a cautela e o pessimismo passaram longe da bancada capixaba no Senado. O senador Ricardo Ferraço (PSDB) parece ser um dos mais empolgados com o governo Temer. Ele elogiou nas redes sociais o discurso do presidente interino e falou em momento de recomeço. Mas já começou a ser cobrado pelos eleitores, no que se refere no posicionamento favorável do novo ministro da Fazenda, Henrique Meireles, que já considera o retorno da CPMF inevitável.
Mesmo o senador Magno Malta (PR), que tem um eleitorado fidelizado, tem sofrido ao longo dos anos um desgaste significativo neste processo de transição, que deixou confusa a cabeça do seu eleitor. Sua última aparição de destaque no Espírito Santo foi ainda na campanha de Dilma, quando eram aliados. Por isso, o discurso soa incoerente, já que trocou a base dilmista e passou a fazer um discurso muito duro ao governo federal desde as eleições de 2014, mas sem aprofundamento político e de pouca visibilidade. No processo de impeachment no Senado, tentou aparecer, mas ficou negativamente marcado pelas “pérolas” que soltou, que revelam seu conteúdo raso.
Já a senadora Rose de Freitas sempre teve ligação com a cúpula peemedebista, o que deixa sua posição complicada, já que ela também tinha muito trânsito no governo Dilma Rousseff. Prova dessa boa relação com o governo petista era (ou ainda é) o vultoso acervo de cargos que acumula, sobretudo na Codesa. Entretanto, se souber fazer essa transição de forma correta pode sair no lucro, mas para isso a senadora também precisa que o governo Temer tenha um respaldo, ainda mais pelo tom dramático que ganhou seu voto por causa de um problema de saúde.
Boa parte dos senadores preferiu a cautela diante das incertezas que giram em torno do governo provisório. Preferiram votar pela admissibilidade do processo de impeachment, mas ao bancarem uma avaliação de mérito do governo que termina, os senadores se colocaram expostos e vão ter que arcar com as consequências.
Rose de Freitas tem lastro por estar fora da disputa de 2018, mas Ricardo Ferraço e Magno Malta estarão buscando reeleição na próxima eleição e o voto no processo de impeachment pode ser um peso positivo ou negativo em seus palanques.