Na movimentação do plenário da Assembleia sobre a análise das contas do governador Renato Casagrande, referentes ao exercício de 2013, chama a atenção o comportamento da bancada do PT no debate. O partido que está em negociação com o governador eleito Paulo Hartung (PMDB) para acomodação na nova equipe de governo, segue dividida sobre a matéria.
Nessa segunda-feira (15), os deputados petistas ainda não haviam encontrado consenso para a votação das contas que deve acontecer na sessão desta terça-feira (16). Mas em entrevista ao jornal A Tribuna, o deputado Roberto Carlos deu o tom do que está em jogo para o partido. Votar pela rejeição seria votar “contra o partido”, disse o deputado. Isso porque o PT fez parte da gestão de Renato Casagrande e compartilharia os ônus e bônus político do governo.
O partido ocupou as secretarias de Assistência Social na gestão de Casagrande, com Helder Salomão, no último ano, e, anteriormente, com o deputado Rodrigo Coelho, que, aliás, conseguiu derrubar um veto na sessão dessa segunda (15), com a benção do Palácio Anchieta. Rodrigo estaria entre os deputados do PT favoráveis à rejeição das contas do socialista. O PT ainda ocupou a Secretaria de Turismo, com Alexandre Passos; e detém a vice-governadoria com Givaldo Vieira, eleito deputado federal na última eleição.
Para os meios políticos, a posição de Rodrigo e dos demais deputados que tendem à rejeição não é bem vista. A posição da deputada Lúcia Dornellas, que está cotada para ocupar uma secretaria no governo de Paulo Hartung, pode ser ainda mais contraditória, já que a petista, na Comissão de Finanças, deu voto favorável à aprovação das contas. Na sessão dessa segunda, o secretário-chefe da Casa Civil, Tyago Hoffmann, permaneceu um bom tempo conversando com a deputada Lúcia Dornellas. Genivaldo Lievore é outro que pende para o lado de Hartung.
Outro petista que não sai bem dessa situação é o vice Givaldo, que neste momento deveria, para os observadores, estar discutindo com os deputados do partido a necessidade de aprovar as contas, para que ele também não saia prejudicado politicamente com a rejeição. Outro petista que também vem ainda se beneficiando do governo Renato Casagrande é Alexandre Passos, que após a derrota na eleição estadual retornou ao comando da Secretaria de Turismo do Estado.
Como a bancada vota unida, a posição do PT será fundamental para o resultado da votação. O líder da bancada, Cláudio Vereza, é favorável à aprovação das contas, mas o partido segue dividido.
Antes da sessão que deve votar as contas do governo, prevista para as 15 horas desta terça, articuladores do Palácio Anchieta devem intensificar as negociações com a bancada petista, que deve ser decisiva na votação.