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Base parlamentar do prefeito da Serra é afetada por denúncia de corrupção

MPES pediu o afastamento de quatro vereadores por suposto esquema de propina

Saulinho da Academia, Cleber Serrinha, Wellington Alemão e Teilton Valim. Foto: Redes Sociais

O Ministério Público do Estado (MPES) ingressou com uma ação judicial nessa quarta-feira (13) pedindo o afastamento cautelar de quatro vereadores da Serra: Saulinho da Academia e Teilton Valim, ambos do PDT, Cleber Serrinha (MDB) e Wellington Alemão (Rede). A denúncia é um duro golpe para a gestão do prefeito Weverson Meirelles (PDT), que precisa lidar com o fato de ter dois parlamentares de seu próprio partido envolvidos no escândalo.

Empresário, Saulinho foi o candidato a vereador mais votado nas eleições de 2024, com 8,2 mil votos. Eleito pela primeira vez em 2020, está também no segundo mandato como presidente da Câmara de Vereadores – ocupou a posição no biênio 2023-2024.

Teilton Valim, liderança comunitária de Nova Carapina II, foi justamente o segundo mais votado em 2024, com 7,3 mil votos, e também está no seu segundo mandato. Ou seja, a denúncia afeta diretamente duas figuras políticas em ascensão do Partido Democrático Trabalhista e cotados como possíveis candidatos a deputado estadual no ano que vem.

Em julho, o ex-prefeito Sérgio Vidigal (PDT) deixou o cargo de secretário estadual de Desenvolvimento. Um dos motivos seria justamente a necessidade de trabalhar mais pelo partido visando as eleições do ano que vem. Vidigal também tem circulado com seu filho, Serginho Vidigal, cotado para disputar uma cadeira na Câmara Federal.

Os outros dois vereadores denunciados também compõem a Mesa Diretora da Câmara Municipal e são da base de Weverson Meirelles. Primeiro secretário, Serrinha é ligado aos rodoviários, sendo mais um que exerce o segundo mandato consecutivo como vereador. Já Wellington Alemão, sendo secretário da Câmara, está em seu terceiro mandato.

O episódio deverá ser utilizado politicamente por adversários, como o deputado Pablo Muribeca (Republicanos), segundo colocado nas eleições para prefeito da Serra em 2024, que costuma fazer barulho com situações do município. O diretório municipal do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), que compõe uma federação partidária com a Rede Sustentabilidade, de Wellington Alemão, publicou nota oficial nesta sexta-feira (15) defendendo o afastamento dos quatro vereadores.

“Os áudios que compõem a denúncia do esquema de corrupção são estarrecedores e inaceitáveis, denunciando como mandatos políticos foram colocados à venda em troca de propina para aprovar um projeto de lei (PL 69/2024) que beneficia interesses privados e imobiliários”, ressalta.

‘Ninguém é bobo’

Segundo a denúncia do Ministério Público do Estado, os vereadores teriam negociado propina para a inclusão de emendas no Projeto de Lei nº 69/2024, que “institui a Política Pública de Regularização de imóveis urbanos de propriedade do Município da Serra dados em aforamento, em enfiteuse ou em emprazamento e dá outras providências”.

A denúncia cita que a proposta era considerada “projeto do prefeito” ou “projeto do Moreira” – em referência a Luiz Carlos Moreira (MDB), ex-vereador e ex-presidente da Câmara, também denunciado. A iniciativa envolvia vários interesses, mas não é citado quem teria oferecido a vantagem.

Em uma reunião que teve o áudio gravado, os quatro vereadores trataram do assunto. “Negócio é o seguinte. Aqui a galera sabe que você anda devagar, mas sempre anda na frente. (Risos) Ninguém é bobo. Você chegou com uma emendazinha aí e a gente tá sabendo o seguinte, e esse mesmo cara que você conversou, que iria dar uma situação para a galera aí, o cara recuou e você meteu uma emenda. Aí a gente quer saber o que que tem nessa emenda aí pros vereador votar não ter problema, mas é o miguel ai cair pra todo mundo”, disse Cleber para Wellington na ocasião, segundo transcrição do MPES.

Inicialmente, a vantagem oferecida seria de R$ 100 mil, mas depois houve uma proposta de troca para um terreno de 6 mil metros quadrados, que não foi bem recebida pelos participantes. Também há áudios sobre vantagens indevidas a respeito da votação do Plano Diretor Municipal (PDM) em outra ocasião. Outros citados nas descrições são William Miranda (União), vice-presidente da Câmara – não denunciado – e um homem nomeado apenas como Isaac. Segundo o MPES, os envolvidos nos áudios confirmaram que as vozes eram mesmo deles.

Wellington Alemão e a Mesa Diretora fizeram duas emendas ao projeto de lei, e o projeto foi aprovado com 19 votos favoráveis e três contrários, em maio de 2024. Entretanto, Sérgio Vidigal vetou as duas emendas, e o veto foi mantido após votação na Câmara. Dessa vez, Saulinho e Teilton não votaram, enquanto Alemão e Cleber estavam ausentes, de acordo com o boletim de votação da Câmara.

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