O bloco de 10 vereadores de Vitória que se levanta contra o prefeito Luciano Rezende (PPS) tem demandas reprimidas e isso vai impor ao prefeito habilidade do chefe do Executivo em saber lidar com os legisladores. Ele precisa evitar que esse impasse se transforme em uma grande dor de cabeça para a 2016, quando o prefeito estará buscando a reeleição em um cenário político congestionado de lideranças.
A principal dificuldade está em saber até onde vão as demandas internas dos vereadores e onde começa a movimentação política para o cenário eleitoral futuro. Quanto às demandas, além do atendimento às bases dos vereadores, de que uma hora para a outra deixou de acontecer em relação àqueles que não são próximos ao prefeito, há também a acomodação nas comissões permanentes, o que acaba colocando no foco da discussão o futuro presidente da Casa, Namy Chequer (PCdoB).
Embora tenha contado com o apoio do prefeito, Namy foi eleito pelos vereadores e se transformou não em um nome do Executivo e, sim, em um nome da Câmara, mas os vereadores têm interesses internos que precisam ser atendidos. Zezito Maio (PMDB) que é um dos líderes desse movimento dos 10, quer a permanência à frente da Comissão de Finanças da Casa, onde já está há cinco anos. Davi Esmael (PSB) tem interesse na Comissão de Justiça. Outros vereadores também se movimentam para ocupar os cargos permanentes na Casa.
Outro fator que prejudica a relação com o prefeito é o efeito das eleições deste ano. Luciano Rezende investiu politicamente em seus aliados na disputa deste ano. Primeiramente, a candidatura do presidente da Casa, Fabrício Gandini (PPS), foi um fator que irritou os vereadores, já que outros dois disputavam o mesmo espaço: Devanir Ferreira (PRB) e Rogerinho Pinheiro (PHS). Depois, com a acomodação de Gandini na chapa de Renato Casagrande, como vice, o prefeito teria apostado suas fichas na candidatura do vice-prefeito Waguinho Ito (PPS).
Waguinho teve 11,6 mil votos dos 24,2 mil que teve no Estado todo. Na Casa, essa movimentação foi vista como responsável pela não eleição de Devanir Ferreira (PRB). O vereador é o primeiro suplente da coligação, Ito é o terceiro.
Também entra nessa equação a relação entre o grupo de Luciano e o antecessor de Gandini à frente da Casa, o vereador Reinaldo Bolão (PT). O embate entre Bolão e Gandini antecipa a disputa municipal. Como prefeito vai buscar a reeleição contra o petista João Coser, Bolão, que estará no palanque do colega petista contra a atual gestão, inicia o movimento de composição do cenário como oposição na Casa.
Neste sentido, a Câmara de Vitória terá uma importante função na preparação da disputa de 2016. Os vereadores contam com a atuação de Zezito Maio, que tem cargos comissionados na prefeitura e cargos de diretoria na Câmara tem uma movimentação mais política, extrapolando o campo da insatisfação.
O vereador veste a capa de aliado da intimidade do governador eleito Paulo Hartung, leva para a conversa com o peemedebista os vereadores e articula a movimentação interna. O governador eleito consegue assim aumentar a pressão sobre o prefeito por meio dos aliados na Câmara.