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Candidatura de Rose ‘empurraria’ Hartung para a reeleição

A senadora Rose de Freitas é a chamada “carne de pescoço” no cardápio político de Paulo Hartung. Exige cautela redobrada e muita habilidade para que o comensal não seja surpreendido por um osso caprichoso que pode provocar engasgo ao passar despercebido pela destreza dos talheres. Sem controle sobre a peemedebista, o governador mantém a correligionária sob vigilância no seu radar. Ele sabe que Rose pode “aprontar”. 
 
Se Rose insistir com o projeto de candidatar-se ao governo em 2018 arma uma sinuca de bico para cima de Hartung. Das lideranças do andar de cima da prateleira, Rose é a única que entraria na disputa sem ter absolutamente nada a perder. Muito ao contrário, disputar o governo, além de ser um pleito legítimo à senadora, resolveria alguns pendências de campanha. 
 
O suplente de Rose, o empresário Luiz Pastore, que bancou boa parte da campanha vitoriosa da peemedebista ao Senado, cobra sua contrapartida, ou seja, um parte do mandato. Se Rose entra na disputa, é obrigada a se descompatibilizar. Ela aproveitaria a oportunidade para cumprir seu compromisso com o Pastore. 
 
Esse arranjo também resolveria o problema de caixa de uma eventual campanha de Rose ao governo. Dinheiro não seria problema para o empresário que pagou rindo 50 mil dólares para ganhar um beijo de 10 segundos da modelo norte-americana Kate Moss. Pastore, por motivos óbvios, torceria pela vitória de Rose. Ganharia quatro anos inteiros de mandato. Se a senadora perder, ele fica de abril até pelo menos outubro no Senado, quando fecha o segundo turno. Seria um bom tempo para quem ficou feliz ao assumir a suplência do senador Gerson Camata (PMDB) por 52 dias, em 2002.
 
Quem não ficaria nada feliz com esse arranjo é o governador Paulo Hartung. Se Rose põe o pé na porta, pedindo passagem para entrar na corrida ao Palácio Anchieta, obriga Hartung a disputar a reeleição. A prerrogativa da disputa, isso não se discute, seria do governador. Mas isso mataria definitivamente o “plano A” de Hartung, que seria o Senado. 
 
A movimentação de Rose pelo controle da Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes) foi um exemplo da disputa por “territórios” entre a senadora e Hartung. A peemedebista, que tem perfil municipalista, queria surpreender Hartung. Lançou o prefeito de Viana, Gilson Daniel (PV), para a disputa contra o candidato palaciano, o prefeito de Linhares, Guerino Zanon (PMDB). 
 
Na queda de braço pelo controle da prefeitada, Hartung se saiu melhor. Com a derrota iminente, Gilson desistiu da disputa e Zanon foi aclamado presidente da Amunes, em março passado, por 64 dos 81 prefeitos capixabas. 
 
A derrota parece já ter sido assimilada pelo candidato de Rose. Gilson, esta semana, retomou o diálogo com o governador e se mostrou disposto a engrossar a lista de prefeito palacianos. Hartung retribuiu, e já chama o prefeito de “querido”.   
 
A derrota em si e os seus desdobramentos, como a debandada de Gilson para o lado de Hartung, fizeram soar o alerta para a senadora. Rose sabe que precisa retomar os “territórios” perdidos. Uma disputa majoritária poderia ser uma boa estratégia para a senadora realinhar os prefeitos desgarrados.
 
A simples movimentação de Rose em direção ao Palácio Anchieta causa um alvoroço no QG de Hartung. Conhecedor da astúcia política da senadora, ele sabe que precisará de uma boa estratégia para neutralizar as ambições da eterna “adversária”. 

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