Em um momento que grande parte das lideranças políticas estão em queda, a senadora Rose de Freitas (PMDB) segue em ascensão. Sua boa relação com o governo federal e o resultado das urnas em 2014 a colocam em uma posição confortável diante do eleitorado e em condições de disputa para a prefeitura de Vitória no ano que vem. Mas para isso, precisa aparar arestas dentro do PMDB.
Rose conseguiu estabelecer uma relação política em Brasília privilegiada. É aliada do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de quem recebeu apoio para sua chegada à vice-presidência da Casa, quando deputada federal. Hoje ela preside a cobiçada Comissão Mista do Orçamento (CMO) e o posto que ocupa lhe garante diálogo desde a Presidência da República aos prefeitos do interior, que sempre foram seus principais cabos eleitorais.
Neste sentido, se as demais lideranças, como o governador Paulo Hartung, acumulam desgaste em seus cargos, a senadora consegue driblar essas crises. Recentemente ela conseguiu atrair para o Estado uma movimentação que permite a antecipação de R$ 700 milhões em royalties de petróleo, o que pode garantir a recuperação de imagem do governador Paulo Hartung, caso se concretize o repasse. Em 2003, a antecipação de R$ 300 milhões em royalties garantiu a governabilidade de Hartung por oito anos à frente do Palácio Anchieta.
Ao mesmo tempo em que a senadora pode se tornar a solução para o governo em Brasília, cria um problema político para Hartung em 2016. Ele defende entre interlocutores a candidatura do deputado federal Lelo Coimbra para a disputa a prefeito de Vitória, mas a musculatura de Rose é muito maior para essa movimentação.
Durante a disputa eleitoral ao Senado, ganhou força nos meios políticos os comentários sobre um acordo que a peemedebista teria com seu primeiro suplente, o empresário Luiz Pastore, que teria dois nomes indicados no gabinete de Rose e que vive circulando pelo Senado.
Segundo circula nos meios políticos, o suplente da senadora estaria muito insatisfeito com a atual situação, porque haveria um acordo para que a peemedebista se afastasse logo no início do mandato para que ele assumisse o cargo, o que não aconteceu. Neste sentido, a pressão seria para que Rose dispute a prefeitura de Vitória para abrir caminho para que o suplente possa assumir.
A questão é que Rose, embora tenha trabalhado sua movimentação com a base política, sobretudo no interior, não teria trabalhado o controle do partido. Hoje o PMDB de Vitória é formada por aliados do ex-deputado estadual e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCES), Sérgio Borges. Não que isso possa impedir sua candidatura, mas não é uma municipal dela.
Como se trata de eleição na Capital, a tendência é de que a estadual possa influir nessa discussão e, neste caso, entra o peso de Lelo Coimbra, que é o presidente regional do PMDB. Mas o questionamento das lideranças políticas é até onde iria a insistência de Hartung na candidatura de Lelo Coimbra diante da musculatura atual de Rose de Freitas.
Na disputa de 2014, a senadora fez uma campanha isolada na primeira parte da eleição. Isso porque ficou transparecida a parceria clandestina do governador com o candidato ao Senado pelo PT, João Coser, que agora faz parte da equipe palaciana. No final da disputa, a influência da peemedebista no interior e sua liderança na corrida eleitoral fizeram com que Hartung passasse a posar para as fotos ao lado dela. Isso facilitou a caminhada de Hartung no interior, o que garantiu sua eleição no primeiro turno. Em 2016, a senadora pode cobrar a contrapartida para a eleição em Vitória.