O governador Renato Casagrande colocou panos quentes na polêmica criada após as declarações do líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Vandinho Leite (PSB), que teceu críticas ao correligionário após a sanção da lei que liberou a venda de bebidas nos estádios. Questionado sobre o assunto durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (11), Casagrande afirmou que “existe confiança” na atuação de seu líder na Casa, sobretudo, com a proximidade da votação das contas do governo no exercício de 2013.
“Conversei com o líder do governo, ele tem uma opinião sobre a matéria sancionada, mas está lá trabalhando como líder”, afirmou Casagrande, que preferiu não se estender no tema. Na sessão da última terça-feira (10), Vandinho afirmou que o governador prestou um desserviço ao Estado ao sancionar a legislação. Chamou atenção o fato de que os papéis acabaram se invertendo na Casa, com os aliados de Casagrande pedindo ao deputado socialista que renunciasse ao posto, enquanto os parlamentares ligados ao governador eleito Paulo Hartung (PMDB) acharam graça nos ataques dirigidos pelo líder do governo.
Apesar de o episódio ter sido superado, pelo menos, nas declarações de Casagrande, é fato que a relação entre o Palácio Anchieta e a Assembleia Legislativa está cada vez mais desgastada. Sobre isso, o governador avaliou as recentes movimentações do Legislativo como “natural” diante da proximidade do fim do governo. No entanto, ele destacou que está conversando individualmente com os parlamentares para garantir a aprovação das contas que receberam o parecer pela rejeição da Comissão de Finanças da Casa, apesar da manifestação favorável do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
“O governo que se elege passar a ter um poder na Assembleia, mas o poder não pode ser usado para cometer injustiça nem contra o atual governador ou outro segmento”, afirmou o governador, que citou a manobra que inviabilizou a votação na terça-feira do projeto que garantia passe livre aos idosos e portadores de deficiência nos ônibus intermunicipais. O resultado dessa articulação e da atuação do líder poderão ser vistos na sessão da próxima segunda-feira (15), quando a prestação de contas deve ser apreciada pelo plenário.
Nos bastidores, os meios políticos fazem contas sobre a quantidade de votos favoráveis à aprovação das contas. Casagrande precisa de 16 votos para derrubar o parecer da Comissão de Finanças, número que não é tão simples de ser alcançado hoje. A expectativa é de que o final de semana seja marcado por articulações do Palácio Anchieta para evitar uma derrota histórica, que terá de uma forma ou outra o carimbo da interferência de Hartung na votação.