A estratégia da obstrução dos deputados ligados ao governador eleito Paulo Hartung (PMDB) se dá porque eles perderiam a votação sobre as contas do governador Renato Casagrande (PSB) relativas ao exercício de 2013. Isso porque o governo teria 14 votos no plenário, mas para que a votação possa acontecer é preciso o mínimo de 16 parlamentares com presença registrada.
A batalha nos próximos dias seria para atrair apenas um deputado, para que somado à presença obrigatória do presidente da sessão, possa haver o quórum mínimo de votação. Neste sentido, a pressão recai sobre os parlamentares que faltaram esta semana para que possam comparecer à sessão da próxima segunda-feira (22).
Entre os faltosos, as posições são conhecidas dos meios políticos em relação às deputadas Luzia Toledo e Solange Lube, do PMDB, que votam pela rejeição das contas. Rodrigo Coelho e Lúcia Dornellas, do PT, que estiveram na sessão dessa quarta-feira (17), também estariam no grupo da rejeição. Mas estão sob pressão, já que a orientação do Diretório Estadual é pela aprovação e o líder da bancada, Claudio Vereza, vem fazendo uma movimentação para que os companheiros da bancada votem unidos no processo.
A deputada Aparecida Denadai (PDT) votaria pela aprovação, mas está se recuperando de um procedimento médico e não há garantias de que esteja na sessão de segunda-feira (21). Já os deputados Jamir Malini (PTN) e Gildevan Fernandes (PV) seriam dúvidas, mas a ausência deles nas duas últimas sessões indica para o mercado político que votariam pela rejeição de contas. Apesar da ausência, há comentários no plenário de que Malini poderia votar com o grupo governista. Ou seja, há votos flutuantes a serem definidos na última hora.
Se os ausentes se somarem ao grupo que estava presente e não registrou presença – Paulo Roberto, José Esmeraldo e Hércules Silveira, do PMDB; Elcio Alvares (DEM), Dary Pagung (PRP), Euclério Sampaio (PDT) e Nilton Baiano (PP), haveria 13 votos, no máximo, pela rejeição e o governador venceria a batalha por um voto a mais.
A presidência também influi nesse processo. Se o presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM), presidir a sessão, Luiz Durão (PDT) fica livre para votar e há dúvidas sobre o voto do deputado. Ele pode empatar a votação, deixando a decisão para o voto de minerva do presidente ou somar aos votos de Casagrande. Durão é outro voto flutuante no plenário, mas haveria uma tendência governista em sua decisão.
O governador teria conquistado os votos de Da Vitória (PDT), Esmael Almeida (PMDB), Gilsinho Lopes (PR), Genivaldo Lievore (PT), Janete de Sá (PMN), José Carlos Elias (PTB), Marcelo Santos (PMDB), Marcus Mansur (PSDB), Roberto Carlos (PT), Sandro Locutor (PPS), Vandinho Leite (PSB), Freitas (PSB), Claudio Vereza (PT) e Atayde Armani (DEM).
No plenário, os governistas não querem falar em números de votos e essa bolsa de apostas dos meios políticos pode apresentar um ou outro furo. Mas há o sentimento da base de Casagrande de que a saída dos deputados hartunguistas mostra que eles já têm ideia da derrota e por isso, não querem submeter a matéria à votação.
Para abrir a sessão são necessárias oito presenças, para mantê-la, são necessários dez registros no painel, mas para a votação o número mínimo é de 16 deputados. A estratégia dos hartunguistas é derrubar o quórum no primeiro item da pauta, sobre as contas, e retomar o quórum nos demais itens. Além das contas do governador, há na pauta da Assembleia as votações dos abonos dos servidores do Estado.
Também deve entrar na Ordem do Dia o Orçamento de 2015 e os reajustes dos salários dos parlamentares para a próxima legislatura e do governador do Estado para o próximo mandato. Com a pauta cheia e a permanência do impasse sobre as contas do governador, a tendência é de que os deputados realizem sessões extraordinárias.