Segunda, 06 Mai 2024

Caso Rodosol: 'blitz' palaciana pressionou deputados a adiarem votação de projeto

Caso Rodosol: 'blitz' palaciana pressionou deputados a adiarem votação de projeto
Na discussão do projeto que prevê o fim da cobrança de pedágio na Terceira Ponte, realizado na tumultuada sessão da Assembleia dessa terça-feira (2), chamou a atenção o fato de o relator da matéria ser o deputado Gildevan Fernandes (PV), que é apenas suplente na Comissão de Constituição Justiça. A escolha, porém, não foi por acaso. Tudo fez parte de uma estratégia do governo do Estado para tentar adiar a votação do projeto de Decreto Legislativo de autoria do deputado Euclério Sampaio (PDT).
 
A pressão palaciana começou pela manhã dessa terça e se estendeu até pouco antes da apreciação da matéria, por volta das 16h30. Na Casa, a operação palaciana foi comandada pelo secretário-chefe da Casa Civil, Luiz Carlos Ciciliotti; o líder do governo, deputado estadual Sérgio Borges (PMDB) e o presidente da Comissão de Justiça, deputado Elcio Alvares (DEM). 
 
Pela manhã, Ciciliotti levou aos deputados o discurso do governo sobre o prejuízo que seria causado aos cofres públicos se a matéria fosse aprovada. Mas com um grupo mais seleto, a discussão foi articulada. O problema é que entendido o processo pela maioria, o governo tinha um problema. Como a questão da ponte afeta diretamente a Grande Vitória, os deputados da região não estariam dispostos a desempenhar o papel de defensor do governo no plenário. 
 
Por isso que o presidente da Comissão, Elcio Alvares, não avocou a matéria para relatar. Claudio Vereza (PT), o vice-presidente da Comissão, também não atendia ao interesse do governo, já que na noite anterior o PT fechou voto de bancada em favor do projeto.
 
Traçada a estratégia, o governo passou a procurar entre os demais membros da comissão alguém que não fosse afetado diretamente pela manobra. Isso explica por que Gildevan Fernandes (PV) teria aceitado a missão. Com base em Pinheiros, no norte do Estado, o parlamentar, em tese, não seria eleitoralmente afetado pela ação. 
 
Governo e deputados da base não consideraram, porém, o risco da manobra diante da expectativa criada nos manifestantes pela aprovação da matéria. Para alguns deputados, a estratégia adotada foi equivocada desde o início e o desfecho da sessão, com a ocupação da Presidência da Casa se deu por falta de responsabilidade de vários lados. 
 
Se não havia o interesse em aprovar a matéria, a Casa não deveria ter aprovado a urgência do projeto, argumentam alguns parlamentares, e se a situação havia chegado a essa temperatura no momento da sessão, e o governo afirma ter argumentos para reverter a situação na Justiça, deveria aprovar a matéria na Assembleia, para evitar o desgaste com a opinião pública. 
 
Indesejado 
 
Além da pressão palaciana, a indisposição do plenário com o deputado Euclério Sampaio (PDT) também teria pesado na decisão de parte da Casa em adiar a discussão. Acreditam que a aprovação seria se curvar diante do deputado. 
 
O pedetista, porém, já teria mais de um terço do plenário a favor da matéria (precisa de 16 votos). Além dele mesmo, o projeto conta com o apoio dos outros cinco parlamentares que assinaram com ele o projeto: Gilsinho Lopes (PR), José Esmeraldo (de saída do PR), Aparecida Denadai (PDT), Janete de Sá (MD) e Jamir Malini (PTN). O deputado Hercules Silveira (PMDB) também aderiu ao projeto. A adesão mais importante foi dos cinco deputados do PT, que pesou na decisão. 
 
Na sessão dessa terça-feira, cinco deputados estavam ausentes: Sandro Locutor (de saída do PV), Marcelo Santos (PMDB), Atayde Armani (DEM). Freitas (PSB) e Da Vitória (PDT) estavam na sessão mas teriam deixado o plenário antes da discussão.

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