Segunda, 29 Abril 2024

Cenário eleitoral de 2014 está apertado também na proporcional

Cenário eleitoral de 2014 está apertado também na proporcional

Renata Oliveira e Nerter Samora



Pouca gente acredita que sem consenso a reforma política seja aprovada, acabando com as coligações. Muita gente também aposta que a redução de parlamentares não vai valer para 2014. Mas, se o cenário mudar a situação que já está tumultuada pode piorar no Estado.



Renata –  A gente estava acompanhando com muito mais intensidade a antecipação da disputa majoritária no Estado. As movimentações para a eleição do governo do Estado e senado pareciam ser o grande atrativo para o próximo ano, mas a semana foi dominada por discussões envolvendo a disputa proporcional, que pelo jeito deve ser também muito disputada, não é?



Nerter – Sim. Essa decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tomada na última terça-feira (9) de redistribuir as vagas de deputado federal e estadual mexeu de forma significativa com o processo político. Pouca gente acredita que a regra vá mesmo valer para 2014, com as movimentações no Supremo para questionar a constitucionalidade da lei e com o projeto de decreto legislativo do senador Eduardo Lopes (PRB-RJ) para suspender o efeito da decisão do TSE. De fato, a discussão deveria ter passado pelo Legislativo, a mexida na composição das Casas deveria ser aprovada por projeto de lei complementar. Mas há juristas que acreditam que a suspensão da decisão é meramente paliativa e que a regra poderá ser aplicada depois com efeito retroativo, ou seja, quem for o 10º deputado federal ou o 28º, 29º e 30º deputado estadual pode perder a cadeira depois, o que seria ainda pior.



Renata – Mesmo que a regra não valha para 2014, as lideranças políticas imediatamente pegaram suas calculadoras para tentar prever um quociente eleitoral mínimo para o próximo ano e, pelo jeito, os parlamentares vão ter de se esforçar muito para conseguir se manter, porque as votações vão ter que subir e muito. Outra coisa que pode mexer  com o cenário eleitoral do Estado é ainda menos crível, mas que também não pode ser desconsiderada diante da antecipação do debate eleitoral. Estou me referindo à reforma política. Se ela for mesmo aprovada, decretando o fim das coligações partidárias, será um Deus nos acuda no Estado. Muita gente que se elegeu graças às sobras pode ficar fora da Câmara dos Deputados ou da Assembleia se tiver que disputar sozinho.



Nerter – Isso é ruim para os partidos com menos densidade. PMDB, por exemplo, pode ter perdas, claro, mas as coligações permitem que partidos como o PRP, por exemplo, consigam uma manobra inteligente de unir partidos do mesmo tamanho e garantir uma cadeira. Em 2010, conseguiu duas, aliás. Bom, pelo menos acabaria com as polêmicas envolvendo suplência, não é? Casos como Paulo Roberto (PMDB) x Olmir Castiglioni (PSDB) não existiriam. A vaga seria do partido e ponto final.



Renata – Isso é verdade, mas se do ponto de vista jurídico a situação ficaria mais simples, imagine como vai ficar complicado para o governador Renato Casagrande que tem 16 partidos em sua base aliada e outros próximos para acomodar. Ainda mais com a quantidade de lideranças com potencial eleitoral que irá buscar acomodação no próximo ano. Não vai ter espaço para todo mundo e, por isso mesmo, a tendência é de que as discussões fiquem acirradas daqui para frente. Se na Assembleia hoje o clima não é bom, imagina se eles tiverem que cortar três e não puderem contar com a soma dos votos das coligações.



Nerter – E isso pode afetar também a disputa majoritária. Com o sistema de unanimidade política criado no Estado, a instabilidade da base pode afetar o palanque de consenso. Até porque, manter o consenso com a pressão das nacionais não vai ser fácil. Mesmo com a disposição das lideranças locais em se manter no palanque do governador Renato Casagrande, os nomes colocados para a disputa presidencial podem também influenciar na movimentação no Estado.



Renata – A fusão do PPS com o PMN é uma das movimentações que podem trazer ecos para o Estado. O PPS sob o comando do prefeito Luciano Rezende, já definiu seu apoio ao palanque de reeleição do governador Renato Casagrande, mas nacionalmente a orientação para o partido é se posicionar em um palanque oposto ao PT. No Estado, o PT é um dos sustentáculos mais fortes do governo socialista.



Nerter – Isso sem falar na necessidade de o PSDB se fortalecer tanto no Estado quanto nacionalmente, o que o forçará a uma posição que garanta ganhos, o que no congestionado palanque de Casagrande pode ser difícil. Ainda mais, se a oposição se dividir com a ida do ex-governador de São Paulo José Serra para o PPS.  Além disso, o palanque presidencial de Marina Silva, com a Rede, precisará também de um posicionamento dos aliados no Estado. Eduardo Campos (PSB) ainda insiste em uma candidatura socialista à presidência da República e com a divisão dos votos, o PT nacional pode bater o pé aqui no Estado, fortalecer a aliança com o PMDB, o que abre a brecha para uma possível candidatura de Paulo Hartung, se estiver viável até lá. Isso sem falar em Magno Malta e o PR.



Renata – Na proporcional também há muita gente para pouco espaço. Só o PT tem três possíveis candidatos a deputado federal, o PDT tem três nomes, mas deverá fazer uma acomodação do ex-prefeito da Serra, Sérgio Vidigal. O ex-prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga, está mudando de partido para também poder disputar a eleição. No PR, o secretário de Esportes do Estado, Vandinho Leite é uma aposta para a Câmara. Se forem nove vagas mesmo, a coisa vai ficar complicada. Do outro lado, o PSDB estuda lançar três nomes fortes para federal e a costura com a Rede deve garantir também a disputa de Guerino Balestrassi pelo grupo, se houver coligação. Na Assembleia, além dos 30 para 27 vagas, outras 10 lideranças entre prefeitos, ex-prefeitos e ex-deputados estão na briga por uma vaga.



Nerter – Tudo indica que daqui para frente as conversas devem se intensificar e os personagens políticos vão fazer de tudo para manter o sistema atual. Mas se as mudanças se confirmarem, muita gente pode ficar pelo caminho.

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