A tensão nacional entre PT e PMDB se acentua diante da falta de acordo entre o governo federal e os caciques peemedebistas. Nesse cenário, o distanciamento entre os partidos dificulta ainda mais a movimentação do PMDB no Estado em formar uma aliança com o PT para puxar o palanque da presidente Dilma Rousseff no Estado.
Segundo o jornal Valor Econômico desta terça-feira (4), terminou sem resultados a reunião entre a presidente Dilma Rousseff e o novo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante com a cúpula do PMDB. Ainda, segundo a publicação, esta é a terceira reunião entre as lideranças.
O encontro dessa segunda-feira (3), que durou mais de seis horas, foi para discutir o espaço do PMDB nos palanques regionais e na reforma ministerial. Os caciques peemedebistas querem espaços na equipe de Dilma que são estratégicos para as disputas em vários estados. Neste sentido, a aliança nacional entre PT e PMDB para a eleição deste ano, tanto na disputa nacional como nos Estados, será condicionada à ampliação do espaço dos peemedebistas no governo.
Embora o Espírito Santo não seja um dos focos das divergências entre PT e PMDB, o cenário no Estado fica afetado caso se consolide o afastamento entre os partidos, já que o grupo do ex-governador Paulo Hartung articula com as nacionais dos dois partidos uma chapa majoritária, se aproveitando da situação partidária do governador Renato Casagrande.
Como a estratégia do PT nacional é isolar o PSB do presidenciável Eduardo Campos, Casagrande perderia o apoio do PT e do PMDB para sua reeleição. Mas a movimentação dos dois partidos no Estado perdeu força diante das dificuldades internas. No PMDB, a base de deputados não quer a candidatura própria, pensando na chapa proporcional.
O senador Ricardo Ferraço se apresentou como alternativa para o governo, mas sua candidatura é rejeitada tanto pela base, que não acredita na capacidade do senador em enfrentar o palanque palaciano, quando pelo PT, devido à posição do senador, muitas vezes contraria aos interesses do governo federal.
Em parceria com o PT nacional, o ex-governador Paulo Hartung tentou articular sua candidatura, mas o cenário é desfavorável à entrada de Hartung na disputa. Para dificultar ainda mais a manobra entre os dois partidos, a vinda do presidente nacional do PT, Rui Falcão, ao Estado, fortaleceu a possibilidade de composição com o PSB, diante da posição de neutralidade de Casagrande, abrindo espaço para a disputa ao Senado pelo PT, com João Coser.
Como o PT nacional prioriza nos estados com menor densidade eleitoral, como o Espírito Santo, a eleição ao Senado, que também garante o espaço de Dilma para a campanha, torna a aliança interessante para o PT nacional. Neste cenário, as complicações na acomodação nacional podem sepultar de vez a manobra entre PMDB e PT no Estado.