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Com partidos políticos em crise, tese dos independentes volta a ganhar espaço

Daqui para a janela de transferência que permite a troca de partido sem o risco de perder o mandato (infidelidade partidária) são longos nove meses. Mas como costuma acontecer em véspera de ano eleitoral, muitos políticos já se movimentam em busca de um partido que acomode seu projeto político para 2018. 
 
O político, na maioria dos casos, põe a estratégia eleitora sempre na frente da identificação ideológica com a agremiação cobiçada. Por isso não é surpresa que a pesquisa do Ibope (2015) aponte que 66% dos brasileiros (duas em cada três pessoas) não manifestem interesse por nenhum partido. Esse é simplesmente o reflexo da troca promíscua de partido, das posições contraditórias às posições ideológicas da legenda e das traições entre correligionários. Nesse circo, como esperar que o eleitor dê alguma credibilidade às agremiações?
 
Esse desacreditação do eleitor pelos partidos se tornou mais latente nos últimos anos com o aprofundamento da crise política. É sintomático que algumas agremiações partam para estratégia desesperada de tirar o termo “partido” do nome. 
 
Mais lá atrás, a Arena, encubada nas casernas militares, virou PFL, que depois adotaria Democratas para tentar dar uma repaginada na imagem que associava a legenda aos anos de chumbo. A Rede Solidariedade de Marina Silva, uma das mais novas legendas do país, já nasceu sem o “partido” no nome, assim como o Solidariedade. Mas recentemente, o PTdoB passou a se chamar “Avante”; PTN agora é “Podemos”; e PSL, “Livre”. A mudança na nomenclatura, porém, não é garantia de que o eleitor vai comprar a ideia de mudança empolgado com a nova embalagem.
 
Ante o desgaste dos partidos e na cabeça daqueles que não acreditam que a mudança passa simplesmente pela embalagem, voltou a circular a tese dos “independentes”, que ganhou força com a eleição de Emmanuel Macron na França. O novo presidente francês elegeu-se desvinculado de partido. Embalados por Macron, algumas vozes passaram a questionar por que a legislação brasileira veta as candidaturas independentes, ou seja, sem vinculação a partidos. 
 
Em recente reportagem sobre o tema, o jornal Folha de S. Paulo, com base nos dados do projeto intergovernamental ACE, aponta que apenas 20 países exigem que o candidato que pretende disputar cargo eletivo esteja filiado a um partido. 
 
No Brasil, ainda segundo a reportagem, há muita resistência dos partidos em alterar as regras do jogo. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) chegou a ser apresentada em 2015 pelo senador Reguffe (ex-PDT e hoje sem partido-DF), mas que não andou.
 
No Espírito Santo, quebrar a “ditadura partidária” seria a solução dos problemas de vários políticos que hoje se sentem encurralados nos seus partidos. O deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB) talvez seja um exemplo que se enquadraria nesse perfil “independente”. 
 
Majeski já disse que diverge da posição do PSDB de seguir na base do governo Temer. Ele também defende o rompimento com o governo Paulo Hartung (PMDB) e a punição exemplar a todos os políticos envolvidos em corrupção, começando pelos próprios tucanos. Todos mesmos, sem reservas.
 
Hoje Majeski, pelas suas posições sempre coerentes, vem mostrando que a salvação da política pode estar na própria política. Com esse perfil é compreensível que o deputado enfrente hoje dificuldade para se acomodar em um partido que seja capaz de absorver suas convicções políticas. 
 
Caso Majeski tivesse hoje a opção de disputar a eleição sem estar filiado a um partido político, pelo menos neste momento, tiraria um peso enorme de suas costas. 

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