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Com PT balançando e PSDB dividido, Hartung tenta ‘sublocar’ novos partidos para sua base

Em véspera de ano eleitoral não é de se estranhar que muitos políticos, a nove meses da janela de transferência partidária, iniciem conversas em busca de acomodações mais estratégicas em outras agremiações com vistas à disputa eleitoral de 2018.
 
Mas as atuais movimentações parecem estar mais vinculadas a uma estratégia de Paulo Hartung (PMDB) que propriamente dos postulantes a mudar de legenda. O governador começa a montar seu tabuleiro eleitoral para 2018 de olho na janela de transferência que permitirá movimentar mais estrategicamente suas peças.
 
O encontro de Hartung com o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM)— que não estava na agenda oficial de nenhum dos dois — pegou muita gente de surpresa, mas começa a fazer sentido. Vai fazer uma semana nesta sexta-feira (23) que os dois conversaram na Residência Oficial da Praia da Costa, e até agora o encontro continua repercutindo nos meios políticos, sobretudo no DEM capixaba. 
 
 
Para fora, Hartung disse que o papo girou em torno das reformas. Nada mais oportuno. Mas a “foto oficial” (foto acima, esq. à dir.- Octaciano Neto, Juliano Nader, Maia, Hartung, Erick Musso Roberto Carneiro e Zé Carlinhos) deu margem para outra “legenda”. Nem bem Rodrigo Maia havia pisado em Brasília, os comentários por aqui especulavam que Erick Musso poderia ser o novo reforço do DEM. 
 
Há pouco mais de um ano, Erick Musso deixou o PP do deputado federal Marcus Vicente para migrar para o PMDB. Musso, que disputou em outubro passado a prefeitura de Aracruz, foi o único candidato a receber o apoio incondicional do Palácio Anchieta. Entretanto, mesmo com Hartung em seu palanque, Musso saiu derrotado da disputa com Jones Cavaglieri (PSD). 
 
A derrota, porém, não esmoreceu o seu principal entusiasta. Hartung surpreendeu a todos ao decidir “elegê-lo” presidente da Assembleia, frustrando a pretensão do decano da Casa, Theodorico Ferraço (DEM), de emplacar seu quarto mandato consecutivo à frente do Legislativo estadual.
 
Ferraço, aliás, é um dos que não engoliram a visita de Rodrigo Maia ao Estado e já se articula para evitar que o DEM nacional não ouse fazer qualquer movimento vertical no Espírito Santo. Os sinais políticos, e Ferraço sabe interpretá-los como ninguém, dão sentido à migração de Musso para o DEM. 
 
Com o PT balançando para desembarcar do governo e com a fragmentação dentro do PSDB — que atravessa turbulências com a posição de parte do partido de insistir em se manter no governo Temer; e, por aqui, com a ameaça de Hartung empreender uma nova investida para ingressar na legenda — o governador perde dois importantes partidos de sua base política. Vale registrar que mesmo que mantenha a proximidade com João Coser, Nunes e outros petistas simpáticos à manutenção da aliança, a relação com o partido não deve ser mais a mesma. 
 
A mesma lógica serve para o PSDB, há muito resistência dentro da sigla para uma convivência mais intensa com Hartung, seja dentro ou fora do partido. Os caciques do PSDB descartam o rompimento com o Palácio Anchieta, mas, ao mesmo tempo, tratam essa relação com reservas. Em poucas palavras, PT e PSDB já não atendem como antes ao projeto político-eleitoral de Hartung.
 
O DEM e o PDT poderiam substituir os antigos aliados à altura. Para “sublocar” o DEM, porém, o caminho é bastante acidentado. Hartung precisaria neutralizar a liderança mais importante do partido no Estado, o deputado Theodorico Ferraço. Com um obstáculo dessa altura pela frente, a estratégia do governador seria contornar a resistência do ex-presidente da Assembleia por Brasília. Mais uma evidência que explicaria a conversa de pé de ouvido de Hartung com Rodrigo Maia.
 
Além de Erick Musso, o deputado federal Evair de Melo também já admite trocar o PV pelo DEM. Ao receber a notícia, Ferraço, espertamente, para não se sentir desautorizado, apressou-se em afirmar que Evair é “muito bem-vindo”. Mas o próprio Evair afirmou que a conversa para migrar para o DEM tem sido feita em Brasília, supostamente com o presidente nacional do DEM, o senador Agripino Maia (RN). 
 
Na lista dos dissidentes do PV, o diretor-geral do DER, Ênio Bergoli, já disse que não fica no partido porque não vai fazer oposição ao governador Paulo Hartung. Seu destino mais provável: DEM.
 
Se o caminho para Hartung conquistar o DEM é difícil, para o PDT é suave. O deputado federal Sérgio Vidigal já incluiu o partido no arranjo político do governador. A primeira investida de Hartung foi transferir Rodrigo Coelho do PT para o PDT. O governador vislumbrava, naquele momento, Coelho como um dos nomes para se tornar presidente da Assembleia. Esse projeto não vingou, mas Rodrigo acabou virando líder do governo na Casa. Agora Hartung trabalha para tirar os “indesejáveis” do PDT. Euclério Sampaio e Josias Da Vitória, que vêm fazendo oposição sistemática ao governo na Assembleia, já admitem deixar o partido.
 
Corre nos bastidores também que dois trunfos que Hartung carrega na manga podem reforçar os quadros do PDT. Os secretários de Agricultura Octaciano Neto e o de Direitos Humanos Júlio Pompeu estariam próximos do partido de Vidigal.

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