A propalada migração de Paulo Hartung do PMDB para o PSDB, sua antiga sigla, não surpreenderia os meios políticos pelo histórico de desapego partidário do ex-governador, mas dada a conjuntura nacional, os observadores do cenário do próximo ano não acreditam na mudança por conta das acomodações eleitorais.
Primeiro, porque Hartung não precisa estar no ninho tucano para ter influência sobre o partido, já que o comando do PSDB no Estado tem como origem política o seu grupo. Mas filiado ao partido, teria que se acomodar no palanque do presidenciável tucano, o senador mineiro Aécio Neves, que não tem conseguido até aqui aglomerar os votos da oposição e puxar quem estiver ao seu lado.
Além disso, o posicionamento no PMDB é o mais confortável para Hartung na eleição do próximo ano. Para os meios políticos, há vários problemas judiciais que batem à porta do peemedebista, que em um palanque tucano, por exemplo, o deixariam exposto, já que teria que puxar uma candidatura ao governo do Estado.
Permanecendo no PMDB, ele pode se proteger com a movimentação desenhada com uma aliança com o PT. Os dois partidos estudam uma chapa em que o senador Ricardo Ferraço seria o candidato ao governo e Hartung concorreria ao Senado. Um cargo que não ficaria tão exposto na disputa e ainda se beneficiaria da parceria com o candidato ao governo.
Se o PSB rachar em nível nacional com o PT de Dilma Rousseff, Hartung tentará se apresentar como uma alternativa para o palanque da presidente no Estado. Embora o governo federal não tenha mais confiança em uma parceria com o ex-governador, que não se empenhou nas candidaturas de Lula à reeleição, em 2006, e na primeira eleição de Dilma em 2010, Hartung tenta evitar que o senador Magno Malta (PR) se torne uma alternativa para o palanque presidencial no Estado, o que faria com que o ex-governador se apresentasse com mais disposição para defender a candidatura de Dilma à reeleição.