O discurso do governador Paulo Hartung (PMDB) de enxugamento da máquina não convence os meios políticos. Essa é uma prática comum entre os gestores que chegam aos governos em qualquer nível, depois de uma disputa eleitoral, a primeira providência é retirar da máquina os aliados do antecessor. Os cortes de servidores comissionados têm um viés muito mais político do que de contenção de gastos.
Quando chegou à Prefeitura de Vila Velha, o prefeito Rodney Miranda (DEM) usou o mesmo expediente de que era preciso enxugar a máquina e de uma canetada só exonerou mais de mil servidores comissionados. Mas, como não havia feito uma seleção dos que seriam cortados, acabou exonerando aliados políticos e pouco tempo depois teve de chamar de volta os demitidos.
O governo do Estado tem estruturas em vários municípios, onde são acomodados os cabos eleitorais dos aliados do governador: deputados federais, estaduais, lideranças partidárias, enfim, com esses cargos o governo consegue acomodar a classe política.
Mas quando o governo acaba, os aliados do vencedor é que precisam ser acomodados e por isso, quem estava na estrutura e era ligado ao adversário na campanha, tem de sair para dar lugar aos aliados que chegam. Os cortes, porém, vêm sempre acompanhados da justificativa de que o antecessor gastava muito e é preciso enxugar a máquina.
Enquanto o governador conversava com lideranças políticas que estavam em seu partido e que não estavam, os cargos comissionados já estavam sendo discutidos. O Estado tem cerca de três mil cargos que podem ser negociados politicamente.
O diário oficial do Estado já vem trazendo uma serie de exonerações dos aliados de Casagrande, os secretários já foram na leva da última terça-feira (30). No diário desta sexta, alguns nomes já aparecem nos cortes e no da próxima segunda (5), a expectativa seja de uma “baciada” de exonerações. O que não se acompanha com tanto interesse, é que na mesma proporção em que há exonerações, geralmente, há nomeações para os mesmos cargos.
Para os meios políticos, esses cortes são pontuais, mas uma expectativa que existe é de que poucos cargos em concursos públicos sejam criados nos próximos quatro anos, já que o governador é avesso a gastos permanentes. A criação de aparelhos públicos que demandem gastos do Estado também é uma ação que as lideranças não esperam de Hartung, embora em suas promessas de campanha, a criação de escolas em tempo integral e ações de ocupação social demandem um investimento alto em recursos, inclusive, humanos.