O clima no PT não é favorável à entrada do partido no governo Paulo Hartung. Mesmo que to tema não tem há sido debatido no encontro do último sábado (15), o sentimento da maioria é esse. Mesmo assim, a aproximação entre o partido e o governador eleito parece estar ganhando a cada dia mais fôlego.
Para tentar superar essa resistência, o processo da cúpula do partido, a partir de agora, será o do convencimento por meio de justificativas que tentem diminuir o contrassenso de aderir ao governo que estava no palanque de Aécio Neves na campanha eleitoral.
O presidente da sigla no Estado, João Coser, é o interlocutor do grupo de Hartung no partido. Ele estaria tentando levar o PT para o governo, garantindo assim espaços políticos de visibilidade no Executivo, já que o partido não venceu as disputas majoritárias que disputou no Espírito Santo. Mas boa parte das lideranças lembra que essa aliança com o projeto de unanimidade não foi benéfica para o PT no Estado.
A justificativa que começa a ganhar corpo dentro do partido para tentar vencer as resistências internas é de que uma vez no governo, o partido teria mais condições de dar visibilidade aos programas do governo federal no Estado. Uma crítica das lideranças do PT sobre o processo eleitoral deste ano é de que o partido não conseguiu capitalizar com as ações do governo federal no Estado.
As lideranças contrárias à aliança com Hartung acham que não será no governo que o PT conseguirá dar visibilidade ao governo federal e sim na retomada do debate com os movimentos sociais e com os partidos de orientação mais à esquerda.
Outro motivo apresentado dentro do partido é que o PT pode fazer a interlocução com o governo federal, ajudando assim na atração de recursos para o Estado. Mas, com o discurso do peemdebista de que o governo federal tem discriminação com o Espírito Santo, vai ser difícil mediar a interlocução com Dilma.
Apesar de a cúpula petista afirmar que o afastamento do grupo de Hartung aconteceu apenas no período eleitoral, o peemedebista fez duras críticas durante todo o processo e também depois da eleição. Neste sentido, o espaço que o partido teria no governo de Hartung seria apenas para evitar que o PT adotasse uma postura independente do Executivo e que os espaços não teriam a mesma importância do que os que seriam dados aos aliados que estavam com Hartung no palanque eleitoral.
Hartung estaria disposto ao debate não com o PT, mas com o grupo de Coser, que é seu aliado no partido, neste sentido, o espaço dado no governo fortaleceria apenas a ele e não ao conjunto do partido. O encontro do diretório ampliado deve ser o primeiro de outros para definir o caminho do PT no Estado e a direção a seguir, apesar da maioria que Coser tem no partido, pode trazer conflitos entre as diferentes lideranças.