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Decisão de seguir com Temer não tem desdobramento na aliança do PSDB com Hartung

Ao menos à luz do dia, até onde se sabe, Paulo Hartung e Michel Temer chegaram mais perto um do outro em dezembro de 2015, quando o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff começa a ganhar forma. O propósito do encontro na Residência Oficial, em Vila Velha, nunca foi revelado. Mas no campo da especulação circulou a informação que o teor da prosa seria um pedido de apoio do então vice-presidente ao correligionário sobre o processo de impeachment de Dilma. 
 
Fora isso, Hartung sempre manteve os dois pés atrás com Temer. Logo que Temer assumiu a Presidência da República, o governador capixaba passou a cobrar celeridade de Temer em relação às reformas. Hartung nunca fez elogios ao presidente. Ao contrário, sempre criticou o ritmo lento do governo federal em empreender as reformas. Hartung se preocupava apenas em exaltar o sucesso de sua gestão como um modelo a ser seguido. Se alguma desse errada mais à frente no seu plano, seguramente atribuiria à inércia do governo federal.
 
Esse retrospecto da relação Temer-Hartung desvincula o governador do Espírito Santo do governo federal. Por isso, a decisão do PSDB dessa segunda-feira (12), que anunciou a permanência no governo Temer, não tem desdobramentos na aliança do PSDB com Hartung. Se a decisão fosse pelo rompimento com Temer, também não mudaria absolutamente nada por aqui. 
 
A insatisfação que há entre parte dos tucanos com Hartung é anterior. Não se originou com a crise política que solapa o governo federal. Essa dificuldade do governador com o PSDB ficou evidente no início deste ano, quando o peemedebista fez um movimento explícito de que estaria com um pé no PSDB. 
 
Essa movimentação causou o mal-estar imediato em algumas lideranças do partido. Nas trocas de sinais, via imprensa, restou evidente que o PSDB não queria a companhia de Hartung de jeito nenhum. O que se ouviu de alguns tucanos sobre o desejo do peemedebista em migrar para o partido era mais ou menos o seguinte: “Hartung chega para dominar ou desagregar. E não queremos nenhuma coisa nem outra para o PSDB”. 
 
Ao ser barrado acintosamente na porta do partido, Hartung não escondeu sua frustração. É preciso lembrar que a movimentação ocorreu antes de estourar a crise na PM. Sem dúvida, a crise mais aguda do atual governo. Antes da greve da PM, Hartung desfilava como “queridinho” da imprensa e dos economistas, como exemplo de gestor que soube domar a crise com uma política econômica austera. Receita que os analistas de plantão recomendariam para outros governadores e até para o próprio Temer. 
 
Toda essa vitrine, porém, não foi suficiente para Hartung carimbar seu visto de entrada no ninho tucano. Além dessa resistência de tucanos ao nome de Hartung, surgiu também o fator Sérgio Majeski. O deputado do PSDB, desde que chegou à Assembleia, passou a ocupar o papel de principal opositor ao governo Hartung. Mesmo isolado, o deputado tem causado um desgaste político considerável ao governador, que deve identificar o tucano hoje como o obstáculo mais saliente no campo político de 2018. 
 
Majeski sim tem defendido insistentemente a saída imediata dos governos Temer e de Hartung, num pacote só. Mas esse desejo, como no caso da oposição ao Palácio Anchieta, está muito restrito ao deputado. É verdade que boa parte dos tucanos rejeita a entrada de Hartung no partido, mas há uma distância enorme em transformar essa rejeição em rompimento com o governo. Se com Temer a cúpula tucana decidiu procurar um lugar mais confortável para permanecer em cima do muro, imagine em relação a Hartung.

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