No mesmo dia em que foi denunciado ao Ministério Público Estadual (MPES) por meio de uma notícia-crime apresentada pelo diretório estadual do Psol, nessa segunda-feira (16), o deputado estadual Capitão Assumção (PSL) classificou o partido político como uma “facção criminosa”, acrescentando: “Eu não tiro uma palavra, bandido é bandido e tem que ser tratado como bandido; cidadão de bem tem que ser carregado no colo pela nação brasileira”.
O parlamentar fez esse discurso em vídeo que circula na internet, gravado quando ele retornava do sepultamento do policial militar aposentado Adílson Piantavinha, de 68 anos, assassinado durante assalto no último domingo (15). A vítima lavava carros em frente à sua casa, no bairro Santos Dumont, em Vila Velha.
As declarações de Assumção reforçam o discurso feito na tribuna da Assembleia no dia 12 deste mês, quando ofereceu recompensa de R$ 10 mil a quem matasse o autor de um homicídio ocorrido em Cariacica nessa mesma data.
A fala do deputado provocou críticas de entidades de vários setores, como a seccional capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), Arquidiocese de Vitória e Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, entre outros, e gerou uma ação na Corregedoria-Geral da Assembleia Legislativa.
Na notícia-crime, o Psol denuncia o Capitão Assumção por “incitação ao crime de homicídio” e ressalta a prática de abuso da imunidade parlamentar conferido pelo artigo 51 da Constituição do Estado ao prometer o pagamento a quem assassinasse o suspeito da morte de Mayara Oliveira Freitas, “o que fez de forma pública, refirmando ainda, uma vez, numa entrevista para a TV Gazeta”.
No vídeo dessa segunda, o parlamentar afirma: “Acabei de sair do sepultamento do nosso amigo, nosso herói Piantavinha [Adílson], que morreu tragicamente nesse dia de domingo (15), vitima de um latrocínio. Os covardes tiraram a vida de uma pessoa do bem, pai de família, pai, um bom marido e agora os bandidos estão morrendo de rir porque sabem que ficarão impunes. Sabem que a Justiça não vai alcança-los”, desabafa Assumção no vídeo.
Ele prossegue: “O que me deixa mais revoltado e que durante todo o velório e também agora no sepultamento não apareceu ninguém do governo para pelo menos dar os 'meus pêsames' aos familiares; não apareceu ninguém dos direitos humanos da OAB, que fica aí levantando fala para defender vagabundo; não apareceu ninguém dessa facção criminosa do Psol, que está representando contra mim no Ministério Público”.
E conclui: “E aí querem pisotear o cidadão. Todo dia um cidadão ou mais de um cidadão está morrendo e essa cambada de pseudo defensor (sic) dos direitos humanos fica protegendo, passando a mão na cabeça dos vagabundo (sic). Isso tem que acabar. Sabe quanto essa cambada vai calar a minha boca? Nunca. Eu não tiro uma palavra, bandido é bandido e tem que ser tratado como bandido e cidadão de tem que ser carregado no colo pela nação brasileira. Temos que inverter esse raciocínio ilógico. Tamo junto”.
A notícia-crime, assinada pelo presidente estadual do Psol, André Moreira, ressalta: “A gravidade da ação do notificado é ainda mais ampliada por seu discurso ter sido proferido portando fardamento da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo, constituindo, ao mesmo tempo, numa ofensa a uma das instituições permanentes do Estado e numa incitação aos integrantes para o cometimento do crime cuja promessa foi veiculada pelo deputado”.